Produção de alho ganha reforço do Zoneamento Agrícola de Risco Climático
AGRICULTURA - Produção de alho ganha reforço do Zoneamento Agrícola de Risco Climático
Hortaliça passa a fazer parte de programa de Zoneamento Agrícola, que orienta o plantio levando em conta as condições climáticas. Agricultores do DF, sexta unidade da federação com maior produção, celebram a medida
Itamar
Silva cultiva 21 hectares de alho, com uma produtividade entre 18 e 20
toneladas por hectare - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)
O alho
passou a integrar o Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático
(Zarc), ferramenta do Ministério da Agricultura e Pecuária que indica as
regiões mais adequadas e os períodos mais seguros para o plantio, com base nas
probabilidades de perdas provocadas por eventos climáticos adversos. O objetivo
é orientar produtores rurais, instituições financeiras e seguradoras na tomada
de decisões, reduzindo riscos e aumentando a eficiência produtiva da cultura em
diferentes regiões do país.
No Distrito
Federal, onde o cultivo do alho vem ganhando espaço, foram registrados 88,3
hectares plantados, em 2024, com produção de 992,06 toneladas e valor bruto da
produção estimado em R$ 20,3 milhões, segundo dados da Emater-DF. O DF ocupa o
sexto lugar entre as unidades da federação que mais produzem alho no país.
"(O
Zarc) é um programa de Estado, que atravessa vários governos. Ele orienta o
produtor a plantar em períodos e locais com menor risco climático, para evitar
perdas que podem comprometer toda a produção", explica o pesquisador
Marcos Braga, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Hortaliças.
Braga
destaca que o Zarc está conectado a ferramentas digitais, como o aplicativo
Plantio Certo, que permite ao produtor consultar as melhores épocas para
começar o cultivo de culturas com base em dados de clima, solo e altitude.
Dentro desse
contexto, o pesquisador ressalta a importância do zoneamento para culturas mais
sensíveis, como a do alho, cuja produção exige alto investimento e conhecimento
técnico especializado. "O custo para plantar um hectare de alho é alto. Se
o produtor planta em período ou lugar inadequado, ele corre o risco de perder
tudo. Por isso, o zoneamento é fundamental para orientá-lo sobre onde e quando
plantar", enfatiza.
O Zarc cruza
informações de mais de cinco mil estações meteorológicas, dados de solo e
características fisiológicas de cada cultura, utilizando modelos desenvolvidos
pela Embrapa em parceria com universidades e associações de produtores. "O
ano é dividido em 36 decêndios, e o sistema indica quais períodos apresentam
menor risco de perda. Se o risco ultrapassa 40%, o plantio não é
recomendado", detalha o pesquisador.
Desafios
Com mais de
duas décadas dedicadas à cultura do alho no DF e no Entorno, o produtor Rafael
Jorge Corsino iniciou sua trajetória no campo quando chegou a Brasília
contratado por uma empresa do setor. Após atuar em diferentes projetos
agrícolas, decidiu investir no próprio negócio, em 2013, e hoje trabalha com
alho, cebola, soja, milho e sorgo.
"O alho
é uma cultura que emprega muita gente, cerca de 16 trabalhadores por hectare em
todas as fases do desenvolvimento. É uma atividade que tem um impacto social
enorme, porque absorve trabalhadores que, muitas vezes, têm dificuldade de
encontrar espaço em outros setores", avalia.
Para
Rafael Corsino, a ferramenta vai ajudar a identificar as melhores janelas de
plantio e reduzir os riscos de perdas - (foto: Arquivo pessoal)
Apesar da
relevância econômica e social, o cultivo enfrenta desafios que vão do alto
custo de produção à sensibilidade às condições climáticas. "Quando o ano é
mais quente, a produção é menor. Se as temperaturas continuarem aumentando, a
tendência é de redução da produtividade", explica o produtor.
Corsino, que
também é presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa),
conta que participou diretamente do processo de solicitação do zoneamento junto
à Embrapa e ao Ministério da Agricultura. "Nós provocamos esse movimento,
pedimos para que o alho e a cebola fossem incluídos no Zarc, e ver isso
acontecer agora é muito gratificante", celebra.
De acordo
com ele, a ferramenta vai ajudar a identificar as melhores janelas de plantio e
reduzir os perigos de perdas. "O zoneamento é extremamente importante para
orientar o produtor, dar segurança e garantir acesso a seguro e políticas
públicas em caso de prejuízo causado pelo clima", destaca. Para Corsino, o
DF tem potencial para ampliar a produção com o apoio dessas ferramentas.
"A região tem solo, irrigação e altitude favoráveis. Com o Zarc, a
tendência é que a produção de alho aqui cresça e gere ainda mais emprego e
renda", conclui.
Cultivo
No campo,
essa realidade ganha rosto na história de Itamar Silva, que investiu na
produção depois de uma experiência profissional que mudou seu caminho.
"Tive a oportunidade de aprender a trabalhar com a cultura do alho e, a
partir desse conhecimento, identifiquei uma oportunidade de iniciar meu próprio
cultivo", conta.
Atualmente,
ele cultiva 21 hectares de alho, no PAD-DF, com uma produtividade média entre
18 e 20 toneladas por hectare por safra. Segundo o produtor, no entanto, as
mudanças no clima passaram a impactar de forma direta o desempenho da lavoura.
"Dependemos de condições climáticas favoráveis para assegurar uma boa
produção. A estiagem, hoje, é o fator que mais nos afeta, principalmente porque
não conseguimos armazenar água em nossos reservatórios", explica.
Ele ressalta
que, embora tenha experiência suficiente para identificar a época ideal de
plantio, a janela é muito curta para ser plenamente aproveitada. "Temos
pleno conhecimento de qual é a melhor época, mas nem sempre é possível
utilizá-la. Gostaríamos de contar com novas ferramentas que auxiliem nesse
processo, pois isso reduziria significativamente as perdas na produção",
diz. "Acredito que o Zarc vem para ajudar nós, produtores, a melhorarmos a
produção no DF", completa.
Fonte: Ana Carolina Alves/Correio Braziliense








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