test banner

RECENTES

INSTANTE LITERÁRIO por Joel Pires

OFÍCIO

Um ponto no papel pode ser qualquer coisa. Pode ser tudo. Um simples pingo de tinta, minúsculo. Um traço mínimo, ínfimo. Uma mácula. A energia extremamente condensada. Uma bomba. Ou a origem do universo, contido. Pode ser apenas uma partícula. Um átomo. Um cisco ou algo que se assentou sobre a folha. Talvez um inseto sem nome. Uma formiga, quem sabe. Outrossim, um problema em sua fase germinal. Uma dor, latente. Um estigma, uma chaga. Quiçá uma solução, uma saída. Quem sabe a humanidade esteja ali naquele pingo, insignificante. Efêmero. Pode ser a imaginação do poeta. Mas é só um risco no papel, um descuido. Então passo a borracha e toda ilusão se desfaz. Ridículo. Um simples gesto põe fim a toda especulação. Acabou-se o devaneio. O sonho se esvai. A fantasia desmorona. Amasso a folha e vou dormir.

(*)Especial para o Blog Jornal de Sobradinho

Nenhum comentário