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DESIGN


*Joel Pires

Já reparou que os carros ora são redondos, ora quadrados. Alguns apresentam um desenho mais arrojado para atender a um público alvo dito “exigente”. As linhas mudam com o tempo. Os contornos vão do boleado ao retilínio. Há projetos tão abaulados que quase viram bolas, como o simpático fusca. O gol também já foi chamado de “bola”. Mas às vezes aparece quadradão, austero. O “design” segue o vento do modismo e da subjetividade estética. Mas as aparências escondem imperfeições. E os modelos saem das passarelas para as fábricas novamente. São os chamados “recalls”, que não poupam carros de estilo.

Eu, que não sou bobo, preservo o meu possante, levemente sinuoso, mesmo que a lata seja velha. Vai completar dez anos, comigo. Nunca me deixou na mão, e conheço todas as suas manhas. Os barulhos são familiares, e estranho quando a sinfonia muda. Nas serras, ele passa os novinhos, coloridos e modernos. O meu é quase opaco, e se impõe pela robustez. Bruto. Mas o parachoque anda meio capenga. A buzina ficou na oficina, retiram nem sei por quê. Ainda bem que por aqui quase não se usa mesmo. O jeito é gritar. Sai da frente!

Mas voltando à dicotomia geométrica, essa onda já chegou até aos comerciais de cerveja. Tem uma que desce redondo, dizem os espertos publicitários. Quadrado é o resultado, depois do exagero. Na dúvida, mude o compasso, e desenhe uma reta. Se beber, não dirija!

Por Joel Pires-Professor, psicopedagogo e colaborador do Jornal de Sobradinho

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