Governo Rollemberg anima economia do DF
Especialistas
em diversas áreas fazem uma análise do que o governador eleito Rodrigo
Rollemberg (PSB) deve enfrentar a partir de janeiro. Segundo eles, a escolha da
equipe de transição traz uma perspectiva das pretensões do socialista
A escolha da
equipe de transição anunciada, esta semana, composta por professores da
Universidade de Brasília (UnB), servidores e ex-servidores dos governos local e
federal, mostra que o governador eleito do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg
(PSB), segundo especialistas, pretende ter acesso a estudos aprofundados e,
assim, obter as informações reais da situação que receberá a cidade no próximo
ano. Antônio Flávio Testa, cientista político, por exemplo, faz uma análise e mostra
que a vitória do pessebista significa a ruptura com a velha dicotomia azul e
vermelho. Para ele, o DF viverá um novo tempo, de fato, a partir do início do
novo governo. A expectativa é de otimismo e sente, entre a população,
entusiasmo com a nova gestão, embora saiba das dificuldades que o novo gestor
enfrentará.
Após as
analises feitas durante a fase de campanha, Testa acredita que os brasilienses
estão com uma expectativa muito positiva em relação ao próximo governo. Ele
explica que foram elaborados estudos sobre os principais problemas do Distrito
Federal, ao longo de quase dois anos, e esses estudos permitirão ao governador
iniciar sua gestão com conhecimento de causa. “Essa é, sem dúvida, uma grande
vantagem. A equipe que acompanha a transição de governo é competente e bem
preparada. Caberá ao governador montar um secretariado comprometido com o plano
de governo aprovado e que tenha condições de implementá-lo. O governo tem que
demonstrar conhecimento técnico, competência política e capacidade operacional,
para executar o plano de governo e transformar promessas de campanha em
realidade concreta. É isso que a sociedade brasiliense espera do próximo
governo”, analisa o cientista.
A partir de
agora, segundo Testa, o governador eleito entra na nova etapa, na qual o que
foi prometido em campanha, viram os compromissos e devem ser cumpridos. “Na
minha opinião, um dos principais desafios será fazer com que o servidor
público, de todas as áreas de governo, se motivem e queiram trabalhar em prol
da sociedade; e não apenas em defesa de interesses corporativos. O governador
deverá mostrar que a autoridade que a população lhe delegou, pelo voto, será
exercida com competência e rigor, sem autoritarismo”, observa.
Outro
desafio, de acordo com Testa, será convencer a Câmara legislativa que o modelo
político clientelístico e fisiológico, baseado no “toma lá, dá cá”, será
efetivamente substituído por um projeto político voltado para a construção de
um Distrito Federal com a importância real que tem, do ponto de vista geopolítico
e econômico. “Para tanto, terá que negociar, em profundidade, a transformação
qualitativa de uma casa legislativa voltada para miudezas e interesses
paroquiais e corporativos, para uma verdadeira câmara distrital com caráter
estratégico e competência para realizar as grandes transformações que a
sociedade local almeja”.
Rodrigo
Rollemberg também enfrentará desafios na segurança pública do Distrito Federal.
Testa diz que o governador eleito terá que implantar um plano de segurança
pública que contemple não somente ações repressivas, mas que amplie a
capacidade preventiva, a partir de políticas de planejamento familiar, de
infância e sobretudo de juventude, focadas no empreendedorismo empresarial,
esportivo e artístico, para minimizar, ao máximo, o efeito nocivo do abandono
familiar e da expansão do consumo e tráfico de drogas sobretudo do crack. “Ele
terá que vencer o corporativismo dos órgãos de segurança e fortalecer a
Secretaria de Segurança, dando a essa instituição poder de comandar a política
de segurança pública”.
O Entorno,
segundo analisa o cientista político, também terá que entrar nos programas da
nova gestão. “Rollemberg deverá desenvolver uma política de crescimento do
Entorno, liderando esse processo e negociando com o governo de Goiás e o
Governo Federal a consolidação da uma região metropolitana. Será necessário
promover o desenvolvimento econômico dos municípios do Entorno, evitando a
migração forçada daquela população em busca de melhores condições de
subsistência e promova a migração turística, que ocorre em melhores condições e
gera riqueza e satisfação. São desafios imensos e difíceis de serem vencidos. Mas o governador
Rollemberg merece um voto de confiança”, pontua Testa.
Ainda em
analise a próxima gestão, Testa diz que se Rollemberg conseguir realizar seus
compromissos, o Distrito Federal será muito melhor daqui a quatro anos. Mas,
ele lembra que sozinho não tem condições
de realizar essa mudança. “Temos uma Câmara distrital de difícil convivência e
de interesses muito difusos e particulares, e isso pode dificultar muito as
coisas. apesar de, no primeiro momento, conseguir uma boa base de apoio.
Acredito ainda que GDF precisa de um governador que transmita confiança à
população e autoridade sobre seus subordinados. E isso é vital para acabar com
o marasmo e o desânimo vigente e que decorre, sobretudo, do aparelhamento do
Estado, da falta de uma política de carreira e avaliação de desempenho das
diversas áreas de governo e do servidor público”.
Em uma visão
mais realista, o cientista político ressalta que os problemas como na saúde,
educação, transporte não serão possíveis de se resolver tudo de início. “É
preciso um tempo para corrigir erros, replanejar e implementar novos modelos de
gestão. Isso leva algum tempo. Creio que nos primeiros três meses serão feitos
ajustes e, logo em seguida, mudanças aparecerão”, completa. Sobre a transição
de governo, Testa observa que é uma situação delicada. “Quem sai, sai magoado e
desanimado. Sempre ocorre algum desleixo, é consequência da derrota. Mas o povo
não tem nada com isso, é preciso que seus direitos sejam assegurados. Cabe à
equipe de transição fazer uma auditoria administrativa detalhada, identificar
problemas que podem ser resolvidos imediatamente, evitando a diminuição da
qualidade dos serviços essenciais prestados à população e preparar para o
início do próximo governo sem que haja problemas de continuidade”.
Principal
medida será
implantar o
bilhete único
Sobre as
expectativas para as implantações no sistema de mobilidade urbana, o presidente
do Conselho Executivo da Anetrans, Roberto Portella acredita que o novo governo
dê sequência as obras de mobilidade iniciadas na gestão de Agnelo. Entre os
itens, devem ser realizadas a conclusão e implementação do sistema BRT ( Bus
Rapid Transit), sul e norte, a integração das linhas mediante bilhete único, de
forma que um passageiro possa através com um só bilhete se deslocar de sua
residência até seu local de trabalho, utilizando todo o sistema de transportes
disponível.
Rollemberg,
de acordo com Portella, já sinalizou que deverá completar as obras, que são
essenciais para o fluxo de tráfego, obras como o TTN – Trevo de Triagem Norte,
que consiste na duplicação da ponte do Bragueto, um trevo completo que
oferecerá acesso a todos os destinos sem cruzamento e a implantação de todo um
sistema viário com viadutos, pistas e acessos até a granja do torto, como
também a obra já iniciada de duplicação do torto até o colorado. Segundo o
presidente da Anetrans, obras que desafogarão o trafego da região Norte do DF,
como o alargamento do viaduto sobre o pistão e o túnel sob a avenida central de
Taguatinga também deverão entrar na lista de Rollemberg. “O importante é o
governo dar sequência as obras do seu antecessor sem solução de continuidade e
ao mesmo tempo iniciar e planejar e projetar as obras que virão para o futuro.
Um bom estoque de projetos pode facilitar o GDF na busca de financiamentos
tanto externos com internos”.
Das
promessas levadas nos discursos de campanha, Portella acredita que a principal
melhoria na mobilidade urbana seja a implantação do bilhete único. “Estão sendo
estudados os sistemas ferroviários, ligando Brasília à Goiânia, e a utilização
da linha férrea existente que liga o Plano Piloto à Luziânia, onde poderá ser
utilizado um sistema VLT – veículo leve sobre trilhos – transportando
passageiros do Entorno até a antiga Rodoferroviária, e dali uma ligação via
circular pelo eixo monumental com os demais pontos do Plano”, observa o
presidente da Anetrans.
Reequilibrar
economia do DF
será
concluída a longo prazo
Antes mesmo
de assumir o Governo do DF, Rodrigo Rollemberg já anunciou que recebe a cidade
com um déficit de R$ 2,1 bilhões. Com essas informações, o economista e
professor da Universidade de Brasília (UnB), Fávio Basilio, explica que o
principal desafio do governador eleito será reequilibrar as finanças do GDF e
ajustar a máquina pública para assegurar os objetivos de campanha de
transparência, educação integral nas escolas e de saúde de qualidade para a
população. Contudo, para atingir esses objetivos, não será suficiente apenas
cortar despesas. Ele vai além e observa que será necessário contrariar
interesses. “Para tanto, deverá reduzir os cargos comissionados sem concursos,
fazer cumprir a jornada de trabalho dos médicos e, principalmente, conter de
forma responsável as crescentes demandas por aumentos de salários reais acima
da inflação de importantes categorias do Estado”.
O economista
vai além e diz que Rollemberg receberá o GDF em piores situações que seu
antecessor. “De fato, a situação fiscal do GDF é um problema sério para o
próximo governador, que encontrará um GDF em condições piores do que as que o
seu antecessor recebeu. Para resolver esse problema, já considerando as ações
citadas anteriormente, será necessário combater com maior afinco a sonegação
fiscal, o que exige uma ação exemplar da Secretaria de Fazenda, reajustar de
forma moderada as alíquotas de IPTU e solucionar gargalos de infraestrutura,
como por exemplo na capacidade de investimento da CEB para auxiliar na atração
mais empresas para o DF, aumentar a eficiência do transporte coletivo e na
mobilidade urbana, e aumentar o direcionamento dos recursos do Fundo
Constitucional do Centro-Oeste (FCO) para alavancar a produção local. Ademais,
será necessário dar um fim econômico ao Estádio Mané Garrincha, sob pena de
drenar ainda mais recursos de áreas prioritárias para a população”, pontua
Flávio.
Ao analisar
a atual gestão, o economista acredita
que Agnelo errou ao aumentar ainda mais o custo da máquina pública na proporção
da quantidade de habitantes e no direcionamento dos recursos públicos. Para
exemplificar ele levanta a questão do transporte público e que esta mobilidade
urbana está longe de ser solucionada, a educação, segundo ele, pouco evoluiu
nos últimos quatro anos e o atendimento nos hospitais se deteriorou de forma
perceptível. Além disso, o endividamento para a construção do mais caro Estádio
da Copa do Mundo drenou recursos de outras áreas prioritárias e restringiu a
capacidade do Estado em alavancar novos projetos no futuro.
Fonte : Ricardo
Callado/ blog do Callado publicado em 8/11/2014
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