SAÚDE: Obesidade pode comprometer fertilidade em homens e mulheres
A obesidade
e o sobrepeso causam diversas consequências para a saúde. Uma delas é a
infertilidade, tanto feminina quanto masculina. Diversos estudos revelam que a
obesidade provoca alterações que comprometem a fertilidade. Nas mulheres, o
excesso de peso afeta o processo de ovulação e, nos homens, causa uma redução
do número de espermatozoides. Um dos estudos mais recentes – realizado por uma
equipe de pesquisadores americanos ligada ao Brigham and Women's Hospital e ao
Harvard Medical School – examinou a qualidade dos óvulos e embriões de mulheres
com diferentes categorias de Índice de Massa Corpórea (IMC). O resultado:
mulheres com sobrepeso e obesidade apresentaram redução significativa do pico
dos níveis de estradiol e um número menor de embriões a cada ciclo.
O excesso de
peso também diminui as chances de obter resultados positivos nos tratamentos
envolvendo as técnicas de reprodução humana assistida. As probabilidades de
insucesso no tratamento e na gravidez aumentam significativamente em pacientes
obesos. A produção de estrogênio, hormônio sexual feminino, está associada à
gordura corporal e o seu excesso no organismo causa um desequilíbrio hormonal e
diminui as chances de engravidar. “A
obesidade causa irregularidade nos ciclos menstruais, diminuição de ciclos
ovulatórios e compromete a capacidade reprodutiva. Por isso, a mulher que
deseja ter filhos e está acima do peso deve buscar orientação médica e
nutricional antes de iniciar o tratamento”, afirmam os médicos Jean Pierre
Barguil Brasileiro e Vinicius Medina Lopes, especialistas em Reprodução
Assistida e diretores do Instituto Verhum. No sexo masculino, a obesidade reduz
o nível de testosterona e aumenta o de estradiol, prejudicando a produção de
esperma.
Segundo os
especialistas, além de causar infertilidade, elevar as taxas de aborto e
aumentar os riscos da gravidez, a obesidade pode causar complicações sérias,
colocando a vida da mãe e do bebê em risco durante e após o parto. “Mulheres
obesas apresentam um risco muito maior de partos prematuros, hipertensão
arterial e diabetes relacionada à gestação e pré-eclâmpsia. Essas mulheres
também apresentam, com mais frequência, infecções de feridas cirúrgicas e
complicações anestésicas”, diz Jean Pierre.
Os médicos
lembram ainda que a Síndrome dos Ovários Policísticos ocorre mais
frequentemente em mulheres obesas. “A infertilidade e a amenorreia (ausência
regular de menstruação) também são consequências da Síndrome”, explica Vinicius
Medina.
Por outro
lado, as dietas e a prática de exercícios exagerados também causam uma
diminuição no número de espermatozoides e, nas mulheres, podem causar ausência
de ovulação. O uso de anabolizantes também prejudica o funcionamento dos
testículos, resultando em uma produção de espermatozoides com baixa capacidade
de fecundação. “Manter-se dentro do peso adequado de acordo com sua altura é o
ideal”, diz Medina.
Dados –
Segundo os dados do IBGE, em 1970, cada mulher brasileira tinha, em média, 5,76
filhos. Em 2010, essa média caiu para 1,9 filho. A obesidade é apontada pela Associação
Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) como um
dos principais fatores de redução da taxa de fecundidade da população. “Considerando
que quase metade da população brasileira é obesa ou está acima do peso, esse é
um dado bastante preocupante”, alertam os médicos.
Por Carol
Campos- foto divulgação
Nenhum comentário
Postar um comentário