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COLUNA TEXTOS & TEXTOS: DUAS CRÔNICAS





(*) Por Geraldo Lima


Sabe quando você quer ler muito um livro e não o encontra na estante ou na pilha de livros num canto da casa? Você tem certeza (ou acha que tem) de que o comprou, só não se lembra do título (deve tê-lo comprado junto com outros tantos, daí o esquecimento, é bom dizer isso pra coisa não ficar meio absurda), mas quer lê-lo de qualquer maneira, sente-se até angustiado por não encontrá-lo, um leve desespero, vontade de se socorrer de São Longuinho (melhor não se entregar a essas superstições, dar pulinhos, meio ridículo, não?), enfim, de repente bateu a vontade de ler algo daquela autora ou daquele autor, e você comprou o livro dela ou dele (há lacunas na memória, mas, caramba!, então por que veio à mente a ideia de um livro de cujo título você não se lembra, mas sabe que é da autora tal ou do autor tal?!). Você procura por esse livro à exaustão, até desistir e pegar outro livro. Aí, no outro dia, ou dias depois, você resolve dar mais um espiada (a esperança ainda não morreu) e, para seu espanto, lá está o livro! Não o que você pensava existir ou ter comprado, nem mesmo a autoria corresponde à imagem que você tinha na mente. Um outro livro, uma outra autora, um outro autor, mas era de fato aquele que você tanto desejava ler dias atrás.

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Vez ou outra algum banco me telefona avisando que acaba de disponibilizar um crédito na minha conta. Esta semana ligaram. O funcionário me disse: "Seu, Geraldo, acabamos de disponibilizar um crédito na conta do senhor. Está interessado?" Respondi na hora: "Não. Obrigado." Não tenho dinheiro sobrando (ainda mais agora, com o salário de janeiro ameaçado de não ser depositado por culpa do rombo nas contas do GDF), mas também não estou ainda no desespero, precisando cair nas garras da agiotagem. Sonho mesmo é com o dia em que algum banco me telefone anunciando (ao som de trombetas celestiais) que, por eu ser um cidadão honesto, desses que pagam regularmente os impostos devidos e as contas pessoais, por eu ter sido até então um trabalhador assíduo e dedicado à profissão, um ser que cultiva a paz e a harmonia social, com uma aura irradiando sempre bons fluidos (e blá-blá-blá-blá...), por conta de tudo isso e muito mais, eles estão disponibilizando o crédito de um milhão (não desejo muita coisa) na minha conta, um presente, seu Geraldo, não precisa nem pagar! Aguardo ansioso esse telefonema das linhas de frente do sistema financeiro.



(*) Geraldo Lima é professor, escritor, dramaturgo e roteirista. Colabora com o Jornal de Sobradinho - Edição 276 de Janeiro de 2015/JS

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