SAÚDE
José Mauro - Foto: Arquivo Pessoal |
Morador de Sobradinho
espera há oito meses por tratamento de câncer no fígado
Justiça Federal
determinou, há uma semana, que a cirurgia de José Rodrigues fosse feita, mas
nada aconteceu
(*) Juliana Cavalcante
A crise na saúde do Distrito Federal parece não ter fim.
Hospitais enfrentam um momento delicado, que reflete no tratamento dos
pacientes que chegam às portas das unidades de Brasília. Muitos deles, vivendo
casos parecidos com o de José Mauro Rodrigues, 53 anos, que espera tratamento
de um câncer no fígado há oito meses. Ele precisou recorrer à Justiça para
conseguir uma cirurgia.
Na última segunda-feira (14/8), o juiz Francisco Alexandre
Ribeiro, da 8ª Vara da Justiça Federal do DF, concedeu uma liminar favorável a
ele, na qual determinou à União e ao DF que providenciem a realização imediata
de uma cirurgia. O magistrado ainda estabeleceu que seja assegurado a José
Mauro um leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a recuperação. Em
caso de descumprimento da decisão, os entes terão de pagar R$ 10 mil.
“A Constituição assegura aos necessitados o tratamento de
sua saúde, não podendo o Estado eximir-se de tal obrigação, sob o pálio da
teoria da “reserva do possível”, tendo em vista estar em jogo o incontrastável
direito fundamental à vida”, registrou o juiz na sentença.
Morador de Sobradinho, José Mauro foi diagnosticado com
câncer há oito meses e deu início ao tratamento no Hospital Universitário de
Brasília (HUB). No entanto, ele não poderia ser operado lá por falta de vaga na
UTI.
Na ação em que pediu a cirurgia, ele apresentou um relatório
médico atestando a gravidade da situação. De acordo com o documento, há
possibilidade de disseminação da doença, com risco de morte.
Arquivo pessoal
O relatório apresentado ao juízo informa que o paciente vem
sendo acompanhado há meses pela Unidade de Cirurgia Geral do HUB. Ele estaria
com dores, náuseas, hiporexia, tumor com aumento progressivo, além de ter
perdido 10 quilos durante o período.
Ao analisar o caso, o juiz Francisco Alexandre Ribeiro
concluiu que há perigo na demora em se realizar a operação, “situação que
evidentemente deve ser acautelada por este juízo”.
Espera prolongada
Conseguir um tratamento adequado parece tarefa hercúlea,
segundo a filha de José Mauro. Thais de Oliveira Rodrigues, que acompanha o pai
no hospital, diz que, mesmo com a decisão, a cirurgia continua a ser negada.
“Ontem, para ter acesso ao hospital, foi um sacrifício. Trouxemos meu pai pelos
Bombeiros, porque estava muito mal. Não conseguia nem andar”, contou à
reportagem.
“Minha maior revolta é saber que já faz oito meses que ele
descobriu, que faz o tratamento, e nunca tomou qualquer medicamento, nunca foi
conduzido a nenhuma sessão de quimioterapia. Sempre pediam para esperar,
esperar, esperar. Aí eu me pergunto, esperar o quê? Para morrer?”
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde afirmou que “tem se
esforçado para suprir déficits de recursos humanos a fim de possibilitar a
reabertura de leitos de internação na rede”. Segundo a pasta, “além do déficit
de recursos humanos, alguns leitos estão bloqueados para a manutenção de
equipamentos necessários para o funcionamento”.
O HUB não é administrado pela pasta, mas os leitos ocupados
pelos pacientes encaminhados pela secretaria seguem a lista de regulação do
GDF.
(*)Fonte: Juliana
Cavalcante/ Metrópoles
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