JUSTIÇA
Arquivado processo que
apurava a morte do motorista Luís Cláudio
A juíza do Tribunal do Júri de Sobradinho determinou o
arquivamento do processo que apurava a morte de Luís Cláudio Rodrigues, 48
anos, dentro de uma delegacia. A decisão da magistrada Iracema Canabrava
Rodrigues Botelho de encerrar o caso foi tomada na segunda-feira , quatro dias
depois de o perito Jorge Vanrell, professor de Medicina Legal na Universidade
de Valencia, na Espanha, contestar o laudo da Polícia Civil que confirmava a
hipótese de suicídio.
No entendimento da juíza, “o conjunto das investigações
conduziu a um quadro compatível com o suicídio”. Ela levou em consideração um
depoimento de uma das socorristas. Na decisão, a magistrada disse que a
profissional confirmou que o pescoço de Luís Cláudio não estava quebrado “o
que, em linha de princípio, confirma a versão de sufocamento".
Como conclusão, Iracema Canabrava observou que "tudo
conduz ao entendimento de tratar-se de suicídio por enforcamento. Ademais, não
há nos autos, realmente, elementos que apontem para um terceiro, na causa
morte, como bem apontado pelo Ministério Público".
A decisão de arquivar o processo gerou revolta na família.
Primo de Luis Cláudio, o profissional de tecnologia da informação Eduardo
Feitoza, 38 anos, reiterou a visão da família de que o motorista da Caixa foi
assassinado. “Houve a apresentação de um segundo laudo e ele confirma que meu
primo não se suicidou. Ele foi morto na delegacia. Assassinado. Isso é um
insulto à nossa inteligência”, protestou.
Eduardo acredita que os laudos dos peritos contratados pela
família são baseados em elementos técnicos e científicos. “Existem elementos
suficientes de materialidade e autoria. Inclusive testemunhas que estavam
registrando outras ocorrências na delegacia na hora em que tudo aconteceu
disseram que os agentes públicos estavam bastante revoltados com ele (Luís
Cláudio) e o mandando, a todo instante, calar a boca. Depois meu primo entrou
na cela e não saiu mais”, reforçou.
Segundo laudo contesta suicídio
A apresentação do novo laudo de um perito contratado pela
família ocorreu em 8 de março, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias
(CDHM) da Câmara dos Deputados. Esse é o segundo parecer que questiona a versão
da Corregedoria da Polícia Civil.
Em agosto do ano passado, um mês após a morte de Luís
Cláudio, a corporação concluiu a investigação e disse que o homem teria tirado
a própria vida. Um perito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Leví Inimá de
Miranda, constatou, no entanto, que Luís Claudio morreu de “asfixia mecânia”
por estrangulamento, golpe conhecido como mata-leão ou gravata, dentro da 13ª
Delegacia de Polícia (Sobradinho).
O caso chegou às mãos do Ministério Público do Distrito
Federal (MPDFT), que fez uma avaliação sobre o parecer técnico do perito.
Segundo o MP, um médico da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos
Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida) não concordou com parecer do
profissional e concluiu que Luís Cláudio teria tirado a própria vida.
A Polícia Civil informou que não cabe à corporação se
manifestar sobre decisões judiciais, pois “as investigações referentes aos
fatos foram conduzidas com absoluta isenção pela Corregedoria-Geral de Polícia
e encaminhada ao Poder Judiciário com a conclusão de que a vítima, de fato,
suicidou-se”, informou, em nota.
O caso aconteceu em 14 de julho de 2017, dentro da 13ª DP
(Sobradinho). O homem foi levado à delegacia depois de bater em um carro de um
policial militar. Segundo consta na ocorrência, ele apresentava sinais de
embriaguez.
(*) Fonte: Tarcisio Pádua/ blog aliastpadua.com.br - Foto:divulgação
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