ESPORTE / VOO LIVRE
Brasília e Formosa recebem
Campeonato Brasileiro de Parapente
Com 130 pilotos, torneio nacional
terá pousos na Esplanada dos Ministérios e no Aeródromo de Formosa de 21 a 28
de julho
(*) Maíra Nunes
As decolagens ocorrem a
partir do meio-dia, da rampa do Vale do Paranã, em Formoso-GO
Menos de um
ano após o Mundial de Asa Delta, o céu do Planalto Central volta a receber uma
grande competição de voo livre. De hoje até o próximo sábado, 130 pilotos
disputam a etapa de Formosa (GO) do Campeonato Brasileiro de Parapente, com
pousos no Aeródromo de Formosa e no gramado da Esplanada dos Ministérios, em
Brasília. Se, no ano passado, a competição internacional foi perfeita para os
estrangeiros conhecerem a região, que tem como apelido “Havaí do voo livre”,
agora, é a vez de os melhores pilotos nacionais colocarem esta fama à prova.
“Chegar à
capital do Brasil voando é uma experiência incrível”, diz Ana Glecia. Aos 44
anos, ela acumula 18 de experiência com o parapente, além de dois dedicados à
asa delta. “A maioria dos pilotos nunca voou em Brasília. Tenho certeza de que
eles vão se apaixonar e voltar depois”, prevê a atleta brasiliense. Aninha,
como é conhecida, era corretora de imóveis antes de inaugurar uma escola para
dar aula da modalidade, em 2016. A instrutora é uma das cinco mulheres nesta
etapa do campeonato.
Aninha é uma das cinco
mulheres entre os 130 pilotos do evento
Entre as
principais adversárias de Aninha na disputa estarão Marcella Uchoa, atual
recordista brasileira de distância, e Priscila Fevereiro. Ambas voam na capital
federal na tentativa de bater o recorde mundial (402km). Os vencedores pontuam
no ranking nacional e mundial. O céu de Brasília e Formosa também contará com
André Fleury, um dos maiores nomes da modalidade na disputa masculina, além de
Rafael Saladini e Samuel Nascimento, atuais recordistas mundiais de distância,
com 564km de voo ininterrupto.
Hoje o dia é
dedicado ao treino livre. A partir de amanhã, são sete dias de competição na
modalidade race to goal, uma corrida aérea que vence quem passar por todos os pontos
pré-determinados em menos tempo. Os circuitos são traçados em uma área de 10
mil quilômetros quadrados, que compreende o polígono Formosa, Brasília, Água
Fria de Goiás, Sobradinho, Planaltina (DF) e Planaltina de Goiás. A cada dia
ocorre uma bateria, com provas de 70km a 80km em média, que duram de duas a
três horas. Elas têm pesos diferentes e os campeões serão conhecidos após a
somatória dos resultados da semana.
As
decolagens ocorrem no mesmo ponto que serve de palco para campeonatos nacionais
e mundiais há mais de três décadas: a rampa do Vale do Paranã. Distante 48km do
centro da cidade de Formosa-GO e a 87km de Brasília, o local continua
preservado, mas, neste mês, sofreu uma mudança que promete dar ainda mais
perspectiva ao futuro do esporte. A área foi desapropriada por decreto da
Prefeitura de Formosa, para que seja destinada ao uso esportivo.
Urubus,
nuvens e até sombras... Tudo ajuda a avaliar condição de voo
Nos dias de
competição, Vinícius Matuk, árbitro geral do campeonato, e Zenilson Rocha,
apurador da competição, provavelmente serão os primeiros a chegar à rampa do
Vale do Paranã. Quem é leigo na modalidade pode nem perceber que eles estão
trabalhando. A primeira coisa que fazem ao iniciar as atividades é ver se há
urubus no céu — uma medida de segurança contra colisões durante os voos.
Observam também como as nuvens se formam e a velocidade com que se dissipam.
Até o ângulo das sombras traz informações sobre as térmicas e as condições para
a prática do esporte.
Os
organizadores ainda conferem a meteorologia e todo tipo de dados que a
tecnologia oferece. Cerca de 40 minutos antes da largada, anunciam o circuito
do dia. Enquanto estão no céu, os competidores também ajudam no fornecimento de
informações. Os pilotos dispõem de GPS com os pontos do circuito, de um rádio
para comunicação, um aparelho que indica a altura, um localizador via satélite,
além de água e alguns alimentos leves, como barras de cereal.
Na última
semana, a calmaria do Vale do Paranã mudou. O silêncio foi cortado com a
chegada dos participantes do Campeonato Brasileiro de Parapente, que
aproveitaram até a véspera da competição para treinar. O céu ganhou um colorido
próprio do balé das aeronaves até sumirem no horizonte. De Campo Grande-MS,
Edson Zardo, 46 anos, era só sorriso: “Sinto-me representado pelo Centro-Oeste,
recebendo uma etapa do torneio nacional”. No mês passado, o competidor passou
quase 20 dias em Brasília treinando.
Área que compreende a
competição: o polígono Formosa, Brasília, Água Fria de Goiás, Sobradinho,
Planaltina (DF) e Planaltina de Goiás
(*)Fonte: Maíra Nunes - www.df.superesportes.com.br
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