TRÂNSITO / DIREÇÃO PERIGOSA
MULTAS POR USO DE CELULAR
NO TRÂNSITO CRESCEM 33%
(*) Pedro Rafael Vilela
Apenas nos
primeiros sete meses deste ano, o número de multas aplicadas a quem usa o
celular enquanto dirige já é 33% maior do que em todo o ano passado. Os dados
são do Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf), mantido pelo
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
De janeiro a
julho, segundo o órgão, esse tipo de infração resultou na aplicação de 759,7
mil multas em todo o país. Ao longo de 2017, as multas impostas pelo uso de
celular ao volante somaram um total de 571,6 mil.
O alerta
sobre os riscos e ameaças no uso de celular ao volante foi reforçado durante a
Semana Nacional de Trânsito, que começou no último dia 18 e vai até a próxima
terça-feira (25).
Especialista
em trânsito e gerente técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária
(ONSV), o advogado Renato Campestrini, ressaltou que não há nada no celular que
se sobreponha à segurança no trânsito. “É preciso maior conscientização.
Nenhuma ligação ou mensagem é mais importante do que você arriscar a tua vida e
a de outros no trânsito.”
Gravíssima – Classificada como “gravíssima” pelo
Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a infração por uso de celular ao volante
pesa no bolso. São R$ 283,47, além de sete pontos anotados na Carteira Nacional
de Habilitação (CNH).
A multa pode
ainda ser combinada com outro tipo de infração, a condução de veículo sem as
duas mãos ao voltante, que custa R$ 130,16 e rende mais cinco pontos na
carteira.
O acúmulo de
20 pontos ou mais, em um período de até 12 meses, implica na suspensão da CNH.
Mesmo com o carro parado no semáforo ou no engarrafamento, o manuseio de
aparelhos eletrônicos continua sendo infração passível de multa.
Riscos – Os riscos vão além do bolso e da
possibilidade de ter o direito de dirigir suspenso. De acordo com a Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego, o uso de celular ao volante já é a terceira
maior causa de fatalidades no trânsito do Brasil. Anualmente, o trânsito tira a
vida de mais de 37 mil pessoas no país.
Estudos
internacionais indicam que manusear o celular durante a direção é tão perigoso
quanto dirigir sob o efeito de álcool. Estima-se que teclar ou atender uma
ligação ao volante amplia em 400 vezes a chance de provocar um acidente.
“Usar o
celular ao volante tira completamente a atenção do motorista. A uma velocidade
de 100 km/h, se percorre uma enorme distância em apenas poucos segundos, por
isso uma distração pode ser fatal”, afirmou Renato Campestrini, advogado,
especialista em trânsito e gerente técnico do Observatório Nacional de
Segurança Viária (ONSV).
Campestrini
informou que aumentou “de forma significativa” o número de pequenas colisões no
trânsito relacionadas ao uso do celular. “O motorista, às vezes, está parado
atrás de outro veículo, fica olhando o celular, e quando arranca acaba
colidindo com o carro da frente, porque perdeu a noção da distância. Isso é
muito comum hoje em dia”, exemplifica.
Mudanças – Até 2016, o uso de celular ao
volante era uma infração média. O crescente número de acidentes fez com que uma
alteração no CTB a transformasse em infração gravíssima. Mesmo com maior rigor,
os números sugerem que a prática segue ocorrendo.
De acordo
com uma pesquisa do Instituto Datafolha, para 72% dos brasileiros
entrevistados, o uso do celular enquanto se está dirigindo, seja escrevendo ou
lendo mensagens, é a infração que mais cresceu nos últimos dois anos.
O
levantamento, realizado em junho deste ano, foi contratado pela Seguradora
Líder, responsável pela administração do Seguro de Danos Pessoais causados por
Veículos Automotores de Via Terrestre (Seguro DPVAT). O mesmo percentual de
entrevistados (72%) admitiu que faz manuseia o celular ao volante.
Omissão – Uma possibilidade para tornar
ainda mais grave esse tipo de infração seria impor o chamado “fator
multiplicador” na aplicação da multa. É o que ocorre, por exemplo, para quem é
multado por dirigir sob o efeito de álcool. Também classificada como
gravíssima, o valor da multa é multiplicado por 10, atingindo o patamar de R$
2.834,70.
“Uma opção
seria aplicar um fator multiplicador de três ou de cinco para quem usa celular
ao voltante”, apontou Campestrini, gerente técnico do Observatório Nacional de
Segurança Viária.
Apesar de
punir o manuseio do celular, a legislação brasileira ainda é omissa sobre o uso
do telefone por meio da tecnologia bluetooth, que permite a conexão sem fio do
aparelho com o sistema do som do carro. A ferramenta permite ao motorista falar
ao telefone enquanto dirige sem precisar segurar o aparelho.
“Mesmo no
bluetooth, a concentração do motorista é menor. Há correntes que defendem essa
proibição, mas isso ainda não vingou no Brasil”, afirma Campestrini.
Pedestres – O uso de celular no trânsito
também é um risco para os pedestres. É cada vez mais comum o registro de
atropelamentos de pessoas que estavam distraídos com o seu smartphone no
momento de atravessar uma rua ou um cruzamento.
Ler,
digitar, falar e usar o fone de ouvido pode aumentar pode tirar completamente a
atenção do pedestre na rua. Há estimativas que indicam um aumento em até 80% na
chance de um acidente nessas circunstâncias.
(*) Fonte: Pedro Rafael
Vilela / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Nenhum comentário
Postar um comentário