VENDAS ESTAGNADAS NO COMÉRCIO
PESQUISA INDICA QUE
CONSUMIDOR AINDA NÃO QUER GASTAR DINHEIRO
(*) Lucas Scatolini
Dados apurados pela Confederação Nacional dos Dirigentes
Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o
Indicador de Confiança do Consumidor permaneceu estagnado na transição dos
últimos dois meses, com 41,9 pontos em setembro contra 42,4 pontos em agosto. A
baixa evolução da confiança do consumidor é reflexo da crise na economia e das
incertezas do processo eleitoral.
De acordo com o estudo, 82% dos brasileiros entrevistados
avaliam de forma negativa a economia no atual momento, percentual que se
manteve estável na passagem de agosto para setembro. Pelo menos 68% dos
consumidores avaliam que o principal sintoma das atuais condições econômicas é
o desemprego elevado; 61% culpa o aumento dos preços de produtos; 38% justifica
pelas altas taxas de juros; e 29% acredita que é por causa do aumento do dólar.
Quase metade dos consumidores afirmam que entre os
residentes de sua casa há pelo menos um desempregado, e 34% afirmam ter receio
de ser demitido. Para mais da metade dos entrevistados (51%), o alto custo de
vida tem gerado incômodo na vida financeira familiar, e para 19%, o desemprego.
Indagados sobre onde que mais pesa o orçamento, 89% citam despesas com contas
de luz e água; 87% afirmam ser o supermercado; e 86% apontam os preços dos
combustíveis.
No que se refere à própria condição financeira, 43% dos
consumidores consideram ruim ou péssima, contra apenas 11% que consideram que
vai bem. Entre as causas do pessimismo financeiro estão o custo elevado de vida
(57%), o desemprego (34%), queda na renda familiar (25%), imprevistos (13%) e a
perda do controle orçamentário (11%).
O levantamento abordou também as perspectivas para o futuro
da economia, e dentre os entrevistados, 33% se declararam pessimistas (10% no
que se refere à vida particular), enquanto 19% afirmam estar otimistas (55% na
avaliação financeira particular).
De acordo com quase metade dos entrevistados, corrupção e
desemprego são as maiores causas de insegurança, questões que estão ligadas aos
primeiros meses de atuação do próximo presidente.
Para o SPC Brasil, embora o país tenha atingido uma certa
estabilidade diante da recessão econômica, o brasileiro se mantém cauteloso
diante do processo eleitoral em curso. A entidade ressaltou ainda que há
incertezas sobre como os candidatos pretendem lidar com as reformas econômicas
que o país precisa, e que apenas a queda no desemprego e crescimento real da
renda vão mudar positivamente a percepção do consumidor.
Foram entrevistados 800 consumidores. O Indicador aponta quer
níveis acima de 50 indicam confiança, enquanto que níveis abaixo apontam o
oposto. A escala do indicador varia de zero a 100.
(*) Fonte: Lucas Scatolini /
Foto: Hélvio Romero/Estadão Conteúdo/AE
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