VEM AÍ , UMA NOVA CIDADE PRÓXIMO A SOBRADINHO 1
URBITÁ SERÁ A NOVA CIDADE PRÓXIMO A SOBRADINHO QUE DEVERÁ ABRIGAR 118
MIL PESSOAS
O Conselho de Planejamento Territorial e Urbano
aprova o projeto de um empreendimento próximo a Sobradinho. A iniciativa tem
licença ambiental e estudos de tráfego, mas especialistas revelam insegurança
com impacto no trânsito e no meio ambiente
Congestionamento na BR-020, principal rodovia que leva à região norte do DF: trânsito saturado na região próxima a Sobradinho
Prédios de até 10 andares sem grades ou cercas, integrados
ao espaço público e envoltos por 3 milhões de metros quadrados de parques. Essa
é a proposta urbanística de um novo empreendimento para o Distrito Federal, que
começou a sair do papel. A Cidade Urbitá, como foi batizada, recebeu a
aprovação do Conselho de Planejamento Territorial e Urbano (Conplan) na semana
passada. Era a última pendência que faltava para o projeto, desenvolvido com
discrição máxima na última década. A nova cidade é uma iniciativa privada ao
lado de Sobradinho, com capacidade para 118 mil moradores. O projeto tem
licença ambiental, estudos de tráfego aprovados e poderá gerar investimentos de
pelo menos R$ 300 milhões nas primeiras etapas.
A Cidade Urbitá será erguida nas terras da antiga
Fazenda Paranoazinho, uma área de 1,6 mil hectares que engloba condomínios
irregulares e terras vazias. O projeto aprovado inclui 922 hectares, dos quais
387 estão livres para receber o projeto. A gleba pertence à Urbanizadora
Paranoazinho S.A. (UPSA), que, em 2007, comprou a área dos herdeiros de José
Cândido de Souza, um dos maiores latifundiários da região (leia Memória). Desde
então, a empresa trabalha para regularizar os lotes ocupados em 54 condomínios
irregulares dos setores Grande Colorado, Boa Vista e Contagem. Paralelamente, a
firma desenvolveu o projeto da nova cidade, que era o grande interesse dos
empreendedores ao comprarem a gleba.
Em novembro, o Conplan aprovou o projeto global da
nova localidade e, na última quarta-feira, os conselheiros deram o aval ao
projeto urbanístico detalhado da primeira etapa. Essa fase do empreendimento
poderá abrigar 11 mil moradores (leia Radiografia).
Uma das preocupações com a proposta, no entanto, é
o agravamento de problemas enfrentados por moradores da região norte do
Distrito Federal. Mesmo que a previsão de ocupação seja a longo prazo, a
iniciativa deverá levar em conta o trânsito saturado na área, com os constantes
engarrafamentos na BR-020, principalmente na subida do Colorado. A obra do
Trevo de Triagem Norte, que prevê a duplicação da Ponte do Bragueto, no Lago
Norte, e de um complexo de viadutos para aliviar o trânsito foi concebida sem
levar em conta esse adensamento populacional.
Como a região vizinha à Urbitá surgiu sem nenhum
planejamento urbano, com a construção de centenas de condomínios irregulares, é
escassa a oferta de serviço público e faltam até mesmo áreas vazias para a
construção de escolas, postos de saúde ou hospitais. A criação de uma cidade
terá de considerar, ainda, a fragilidade do abastecimento de água na capital
federal, que passou por uma crise hídrica e saiu há apenas seis meses do
racionamento.
Desafio
O diretor da Urbanizadora Paranoazinho, Ricardo
Birmann, diz que o desafio do projeto é transformar a Urbitá em um centro
catalisador de desenvolvimento, e não apenas em uma cidade-dormitório. “O lado
sul do Distrito Federal está saturado, e a região norte tem potencial de
desenvolvimento”, argumenta. “A Urbitá tem um projeto ancorado no espaço
público que tem como premissas a sustentabilidade, a inovação e a tecnologia,
com muita ciclovia, boas ruas e calçadas. Esses são os motes centrais das
discussões sobre desenvolvimento urbano no mundo”, detalha o diretor da
empresa. “É um projeto a longo prazo, para ser desenvolvido nos próximos 40
anos, pelo menos”, acrescenta Ricardo.
A cidade terá uma área de preservação com conceito
de parque linear — uma estrutura que permeia os quarteirões ao longo do
projeto. A Urbitá será integrada a Sobradinho por meio de um prolongamento na
Avenida Sobradinho. A construção da pista é uma das exigências para a liberação
do empreendimento, além da construção de uma ponte sobre o Ribeirão Sobradinho.
Os estudos de tráfego foram desenvolvidos ao longo de quatro anos e receberam o
aval do governo em 2018.
Ao contrário do que é feito nos empreendimentos
imobiliários tradicionais, os primeiros lançamentos não serão residenciais, mas
em lotes comerciais e institucionais. “Queremos trazer uma grande escola, um
bom supermercado, uma importante instituição de saúde e, a partir daí, lançar
os empreendimentos residenciais. Essas são carências dos moradores das cidades
vizinhas”, explica Ricardo Birmann. O projeto detalha até mesmo a localização
das redes de esgoto, de drenagem, de água, de telefonia e de iluminação pública.
As concessionárias de serviços públicos do DF deram o aval à proposta, antes da
tramitação no Conplan.
Memória
Impasse e atrasos
Os problemas fundiários na antiga Fazenda Paranoazinho se arrastam há mais de uma década. Desde a aquisição do terreno, em 2007, a Urbanizadora Paranoazinho se tornou a responsável por administrar o espaço e regularizar os parcelamentos, que ocupam metade do espaço da fazenda. A outra parte ficou livre da ação de grileiros, época em que a companhia reforçou o desejo de construir novos empreendimentos quando a área fosse legalizada. A UPSA pagou pela elaboração dos estudos ambientais e urbanísticos dos loteamentos, deu entrada no processo de licenciamento e encaminhou os projetos para avaliação do Grupo de Análise de Parcelamentos (Grupar). Mas a chegada da empresa foi vista com desconfiança por alguns moradores. Muitos reclamaram de não terem participado da elaboração dos projetos feitos pela UPSA e encaminhados à Câmara Técnica do Conplan. Isso atrasou todo o processo de regularização na área.
Os problemas fundiários na antiga Fazenda Paranoazinho se arrastam há mais de uma década. Desde a aquisição do terreno, em 2007, a Urbanizadora Paranoazinho se tornou a responsável por administrar o espaço e regularizar os parcelamentos, que ocupam metade do espaço da fazenda. A outra parte ficou livre da ação de grileiros, época em que a companhia reforçou o desejo de construir novos empreendimentos quando a área fosse legalizada. A UPSA pagou pela elaboração dos estudos ambientais e urbanísticos dos loteamentos, deu entrada no processo de licenciamento e encaminhou os projetos para avaliação do Grupo de Análise de Parcelamentos (Grupar). Mas a chegada da empresa foi vista com desconfiança por alguns moradores. Muitos reclamaram de não terem participado da elaboração dos projetos feitos pela UPSA e encaminhados à Câmara Técnica do Conplan. Isso atrasou todo o processo de regularização na área.
Radiografia
O que prevê o projeto da Cidade Urbitá
·
A cidade terá áreas
comerciais, residenciais e institucionais, com altura máxima de 37m, o
equivalente a 10 andares
·
O novo bairro tem
capacidade para 118 mil pessoas, mas o projeto de ocupação é de longo prazo,
cerca de 40 anos
·
A primeira etapa,
aprovada no Conplan, pode abrigar 11 mil pessoas. Ela será construída às
margens do prolongamento da Avenida Sobradinho
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A Urbitá terá 3
milhões de metros quadrados de parques lineares, que permeiam todo o
empreendimento
Fonte Helena Mader / CB com adaptação Jr Nobre/JS
- Foto: Carlos Vieira/CB/D.A. Press e ilustração reprodução/CB
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