EDUCAÇÃO / ARTIGO por Márcio Portilho
Censo mostra que ensino a distância ganha espaço no ensino superior
O Censo da
Educação Superior de 2019, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta forte crescimento da
Educação a Distância (EAD).
O
levantamento mostra que a educação a distância (EaD) tem ganhado cada vez mais
espaço na educação superior, enquanto o ensino presencial tem reduzido as
matrículas ano a ano.
Em 2009, as
matrículas dos calouros em EaD representavam 16,1% do total. Em 2018, elas
representavam 39,8% do total de estudantes que ingressaram nas instituições de
ensino superior.
No ano
passado, eram 43,8%, o que equivale a cerca de 1,6 milhão do total de 3,6
milhões de novos estudantes.
Considerando
apenas a rede privada, onde estão matriculados 76% do total de estudantes do
ensino superior, a opção pela EaD foi ainda maior entre os calouros, chegando a
pouco mais da metade dos alunos, 50,8%.
Já o ensino
presencial teve redução. Passou de 60,1% das matrículas dos calouros em 2018
para 56,2%, em 2019.
Em 2020, com
a pandemia do novo coronavírus (covid-19), o número de ingressantes em EaD deve
aumentar ainda mais, de acordo com o presidente do Inep, Alexandre Lopes.
Os dados de
2020 serão divulgados apenas no ano que vem.
Para o
professor Marcio Portilho "A pandemia certamente acelerou essa tendência
de migração para o ensino a distância ou ensino híbrido [com aulas presenciais
e remotas]. Em meio a quarentena, somente o ensino a distância (EAD) foi capaz
de garantir a continuidade das aulas, eliminando de vez, qualquer dúvida quanto
a garantia do aprendizado", disse.
Diferenças
Ainda sobre
os dados, a maioria dos estudantes de EaD, trabalha, enquanto os de cursos
presenciais, não.
"Os
resultados têm sido próximos. Não dá para dizer que o curso é melhor ou pior.
Também tem que explorar um pouco mais os resultados porque são realidades
diferentes", disse Lopes.
"Em
relação a qualidade, é possível afirmar que o curso EaD garante a entrega do
conteúdo, visto que as aulas gravadas são objeto de análise da coordenação do
curso, do estudante e até da concorrência", acrescenta Márcio Portilho.
Matrículas
Segundo o censo,
o número total de estudantes matriculados no ensino superior no Brasil segue
aumentando.
Ao todo, 8,6
milhões de estudantes estão matriculados no ensino superior no Brasil. Em 2018,
eram 8,4 milhões. A maior parte, 6,5 milhões, o equivalente a 76%, está
matriculada em instituições privadas.
Considerando
todas as matrículas, não apenas os calouros, a EaD, com 2,4 milhões de
estudantes, representa 28,4% do ensino superior no Brasil. Já a educação
presencial, 71,6%, com 6,2 milhões.
Formação de
professores
O censo
aponta que um a cada cinco estudantes matriculados no ensino superior está em
curso de licenciatura, o que possibilita que atue posteriormente como
professor.
A maior
parte desses futuros profissionais, 53,3%, está sendo formada a distância, em
cursos EaD. As instituições particulares concentram a maior parte das
matrículas desses alunos, 64%. Nessas instituições, a maioria, 73,5%, faz
cursos EaD.
Pedagogia
lidera a porcentagem de matrículas, com 48,3% dos futuros professores. Em
seguida, estão educação física, com 9,1%; matemática, com 5,7%, e história, com
5,3%.
"Os
resultados ressaltam a responsabilidade da educação superior em formar os
docentes que atuarão na educação básica [etapa que vai do ensino infantil ao
ensino médio]", disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
"Essa
conexão entre as duas etapas de ensino se dá por meio do professor capacitado
pela educação superior para ser o elemento central do desenvolvimento da
educação básica. O professor é o grande protagonista da educação no
Brasil", ressalta o ministro.
Desistências
O Censo da
Educação Superior mostrou que mais da metade dos estudantes, 59%, que ingressam
no ensino superior em 2010 desistiram antes de terminar os estudos.
Essa taxa
foi um pouco maior, 63%, quando considerados apenas os cursos a distância.
Entre os
futuros professores, as desistências daqueles que ingressaram em 2010 também
são altas. Chegam a 75% dos estudantes que se formariam para lecionar física,
por exemplo.
De acordo
com o secretário de Educação Superior do MEC, Wagner Vilas Boas, a pasta está,
em parceria com instituições de ensino, desenvolvendo formas de prever as
evasões e evitar que elas aconteçam.
O projeto
será inicialmente implementado em instituições federais, mas será
disponibilizado também às particulares.
A pasta
aposta ainda na implementação do novo ensino médio, que vai permitir aos
estudantes escolher trajetórias para aprofundar a formação.
Isso fará
com que conheçam melhor as áreas de estudo antes de optarem por um curso
superior.
Metas
De acordo
com o Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil precisa, até 2024, ampliar as
matrículas, fazendo com que mais pessoas tenham acesso ao ensino superior no
país.
De acordo
com o PNE, até 2024 a taxa bruta de matrícula na educação superior deve ser 50%
e a taxa líquida, 33%, da população de 18 a 24 anos de idade. Atualmente, essas
taxas são, respectivamente, 37,4% e 25,5%.
Fonte: https://douradosagora.com.br/noticias/educacao/censo-mostra-que-ensino-a-distancia-ganha-espaco-no-ensino-superior
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