SOBRADINHO II
Pró-Vítima oferece alternativas para quem sofre violência
De janeiro a
novembro, 5.440 pessoas foram atendidas pelo programa da Sejus
Participar da feira de artesanato promovida pela Secretaria de Justiça do Distrito Federal (Sejus) em Sobradinho II significa uma vitória para muitas pessoas que se tornaram empreendedoras com apoio da rede proteção oferecida pela Sejus. Grande parte delas tinha dificuldade em romper ciclo de violência por não conseguirem prover o próprio sustento. O agente dessa transformação foi o programa Pró-Vítima, da Sejus, que oferece atendimento multiprofissional às vítimas de violência.
A Secretaria de
Justiça e Cidadania, após a retomada das atividades presenciais, em junho de
2021, realizou um total de 16 dias de feiras com os trabalhos produzidos pelas
mulheres atendidas pelo Pró-Vítima
O programa existe há 12 anos. De
janeiro a novembro foram atendidas 5.440 pessoas e, no momento, existem 80
pessoas em atendimento. De janeiro a dezembro de 2020 foram realizados 4.590
atendimentos. Com relação aos números de 2019, estão sendo compilados junto com
outros dados referentes aos atendimentos realizados por todos os núcleos do
Pró-Vítima e farão parte do Programa Integrado de Informações sobre Vítimas de
Violência.
“Uma em cada
quatro mulheres já sofreu violência no Brasil. Estamos falando de violência
moral, psicológica, patrimonial. A gente tem um grupo com escuta qualificada
feita por profissionais que querem cuidar de outras mulheres, nós estamos
falando de romper ciclos de violência pela oportunidade”
Marcela
Passamani, secretária de Justiça e Cidadania
A vítima de violência, seus familiares ou testemunhas que cheguem a um dos oito núcleos do programa Pró-Vítima do DF será acolhida por uma equipe composta por um agente administrativo, responsável pela recepção, um assistente social, que cuida do acolhimento e encaminhamento das demandas sociais e um psicólogo, que faz o atendimento com terapia focal individualizada.
O ingresso no Pró-Vítima pode ocorrer
da seguinte forma: a vítima de violência poderá procurar pessoalmente, ou ser
encaminhada por amigos, parentes, ou pessoas da comunidade; mediante
encaminhamento por instituições governamentais e não governamentais.
Os núcleos do programa estão
localizados em Ceilândia, Guará, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto, Taguatinga,
Itapoã e Recanto das Emas. A diretora de Prevenção e Combate à Violência da
Subsecretaria de Apoio às Vítimas de Violência da Sejus, Thalita Carrijo,
comemora a expansão.
“Eram apenas quatro núcleos, hoje são
oito. Esse crescimento foi muito importante”, comemorou. Quatro destas unidades
foram criadas na gestão do governador Ibaneis Rocha. A criação dos novos
núcleos não gerou dispêndio de recursos financeiros, uma vez que as células de
atendimento do programa utilizam espaços de equipamentos públicos da Secretaria
de Justiça e Cidadania (Sejus) já existentes.
Atendimento
individualizado e foco na origem da violência
O trabalho do Pró-Vítima tem algumas
peculiaridades. As pessoas chegam às unidades porque de alguma forma têm
contato com violência ou são convidadas a receber atendimento, não há nenhuma
imposição. Aqueles que aceitam ser atendidos passam por avaliação
individualizada do assistente social e, se necessário, seguem para sessões com
psicólogos.
As sessões de terapia variam de oito a
15, podendo ser estendidas, dependendo da necessidade do paciente. Cada sessão
tem duração de uma hora. Não há diferença nos atendimentos ofertados pelo
Pró-Vítima, independentemente da forma de ingresso ao programa. Sendo assim,
qualquer pessoa que necessitar de atendimento será acolhida por meio do
assistente social para verificar possíveis necessidades sociais e,
posteriormente, encaminhada ao profissional de psicologia para acompanhamento.
Os órgãos e instituições de
assistência e atendimento que contribuem para a consolidação de uma política de
apoio às vítimas de violência são: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios (TJDFT), Ministério Público, Defensoria Pública, Conselhos
Tutelares, Centro 13 de Maio, Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Unidades
Básicas de Saúde, Provid, Delegacias da Polícia Civil, Centro de Referência de
Assistência Social (Cras) e Centro de Referência Especializado em Assistência
Social (Creas) e associações, entre outros.
O Banco de Talentos foi criado em 15
de maio de 2019, sendo que mais de 150 mulheres já foram beneficiadas.
Atualmente o projeto conta com a participação de 85 mulheres, sendo que 11 são
migrantes.
Vale esclarecer que, após o
acolhimento, os atendimentos são realizados mediante agendamento. Porém,
gestantes, idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes têm
atendimento prioritário. Também é disponibilizado atendimento prioritário
quando é constatada a existência de qualquer outra hipótese fática de risco à
vítima que tenha indicativo legal que justifique a necessidade de atendimento
preferencial.
Banco de talentos
De acordo com Jana Andréia,
subsecretária de Apoio às Vítimas de Violência da Sejus, 80% das vítimas de
violência que passaram pelos órgãos que compõem a rede de proteção são mulheres
em situação de vulnerabilidade. A Subav, da Sejus, por meio da Diretoria de
Prevenção e Combate à Violência (Dicomb), desenvolveu o Banco de Talentos.
O projeto foi idealizado ao se
observar que a grande maioria das pessoas atendidas pelo programa Pró-Vítima
eram mulheres em situação de violência doméstica. Assim, pensou-se na
possibilidade de implementação de atividades que pudessem contribuir para a
autonomia de mulheres vítimas de violência, em situação de vulnerabilidade
social e migrantes que tivessem recorrido ao Pró-Vítima. O objetivo é usar o
empreendedorismo para romper o paradigma da dependência econômica e tornar esta
mulher protagonista de sua própria história.
O Banco de Talentos foi criado em 15
de maio de 2019, sendo que mais de 150 mulheres já foram beneficiadas.
Atualmente o projeto conta com a participação de 85 mulheres, sendo que 11 são
migrantes. A Sejus/DF, após a retomada das atividades presenciais, em junho de
2021, realizou um total de 16 dias de feiras, sendo que 14 foram realizadas no
âmbito do Programa Sejus Mais Perto do Cidadão e duas ocorreram no Parque da
Cidade.
Por meio de parcerias com o Senac,
Sesc e Caixa Econômica são disponibilizados cursos de gestão de negócios,
marketing, uso de mídias sociais e educação financeira, entre outros. Ao todo,
150 mulheres já passaram pelo Banco de Talentos e 80 estão utilizando o
projeto. “O Pró-Vítima faz com que as pessoas se sintam valorizadas”, diz Jana.
“Uma em cada quatro mulheres já sofreu
violência no Brasil. Nós estamos falando de violência moral, psicológica,
patrimonial. A gente tem um grupo com escuta qualificada feita por
profissionais que querem cuidar de outras mulheres, nós estamos falando de
romper ciclos de violência pela oportunidade. E nós, enquanto Secretaria de
Justiça e Cidadania, geramos oportunidades por meio do direito que o cidadão tem”,
disse a secretária de Justiça, Marcela Passamani.
Autoestima
Janaína (nome fictício) chegou ao
Pró-Vítima há dois anos. Embora tenha procurado o programa para tratar de
violência sofrida no passado, descobriu por meio do atendimento recebido que também
sofria violência no casamento. Ela fez o tratamento oferecido composto por
sessões de terapia. Em seguida, conheceu o Banco de Talentos e resolveu
participar para sair da dependência financeira. Hoje, Janaína tem uma
microempresa de produtos aromáticos.
“Antes tentava agradar, hoje faço o
que acho que é melhor para mim”, disse, abrindo um enorme sorriso.
Antes do Pró-Vítima e do Banco de
Talentos ela disse que seu foco era tentar agradar o marido, fazer o que ele
achava melhor. Mas, segundo ela, nada estava bom para o companheiro, e isso
causava sofrimento. Ela também não tinha renda, nem independência. Segundo
Janaína, havia muita preocupação com o seu futuro e o da filha.
O atendimento do Pró-Vítima é
disponibilizado a qualquer cidadão vitimado, desde que se enquadre no Decreto
39.557/2018, sem necessidade de comprovação de hipossuficiência econômico-financeira.
O programa tem uma ampla linha de atuação, além dos casos relacionados à Lei
Maria da Penha.
São atendidas outras situações de
violência, como estupro, abuso sexual contra crianças, roubos com restrição de
liberdade, sequestro, cárcere privado, crime cometidos na direção de veículos
automotores e que resultem em morte da vítima, além de casos de desaparecimento
de pessoas.
Fonte: CATARINA LIMA, da Agência
Brasília, Edição: RENATA LU, Fotos: Renato Araújo/Agência Brasília
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