SOBRADINHO / OBRAS / MEIO AMBIENTE
Lixão vai se transformar em um parque de ipês
O local era utilizado pelos moradores para descarte
de lixo; situação começa a mudar em fevereiro, com o plantio das 200 primeiras
mudas
Antiga demanda dos moradores de Sobradinho que
começa a ser atendida é o fechamento do lixão do Polo de Cinema, uma área de 15
mil m2 localizada
no cruzamento das DFs 215 e 326. O local, havia mais de 20 anos, era utilizado
pelos moradores de Sobradinho, Sobradinho II, Grande Colorado, entre outros
residenciais da região, para descarte de móveis, entulho de obras, carcaças e
ossos de animais, além de lixo doméstico.
O depósito irregular de rejeitos dará lugar a um
bosque com mil mudas de ipês-amarelos, cedidas pela Novacap. As 200 primeiras
começam a ser plantadas na primeira quinzena de fevereiro, e a população será
convidada a participar.
Executado pelo SLU e o Polo Norte do programa GDF Presente, o plano para acabar com o lixão começou nesta semana, com a limpeza da área
Com as chuvas intensas desde o fim do ano passado,
o local virou um grande foco de mosquitos da dengue e de outros vetores de
doenças, gerando muitas reclamações da população. Só no primeiro dia de trabalho
foram retiradas 5 mil toneladas de lixo. De acordo com boletim epidemiológico
de dengue da Secretaria de Saúde (SES), a região de Sobradinho II se encontrava
em situação de alerta e de risco.
Além das doenças causadas, havia também danos ao
meio ambiente, uma vez que o lixão ficava próximo à nascente do Ribeirão
Sobradinho.
“O
poder público retirava o lixo e logo estava tudo de volta. O fim daquele lugar
significa a retirada de circulação de doenças”
Raimundo
Ribeiro, professor e morador de Sobradinho
“Antes dessa ação, várias tentativas já foram
feitas para acabar com aquele lixão. Além das doenças que o descarte irregular
causava, havia ainda a questão ambiental, pois [o lixão] ficava próximo ao
Ribeirão Sobradinho, e o risco real de contaminação. Não podia mais ignorar a
situação”, explicou o administrador de Sobradinho, Abílio de Castro.
O plano de organização para acabar com o lixão teve
início na segunda-feira (24), com os serviços de limpeza. Já estão sendo
colocadas manilhas para cercar a área, e depois será plantado o bosque de ipês,
para dar uma nova destinação ao local.
O trabalho está sendo executado pelo Serviço de
Limpeza Urbana (SLU) e o Polo Norte do programa GDF Presente. As manilhas
utilizadas na cerca foram doadas pela Novacap. O DF Legal intensifica a
fiscalização para evitar a possível reincidência de deposição irregular de
entulhos no local. As administrações de Sobradinho e Sobradinho II e o
Polo Norte forneceram as máquinas, caminhões e mão de obra para a operação.
Mudança de hábito
Também será feita uma campanha maciça de
conscientização para o uso do espaço. “Dois papa-entulhos estão sendo
construídos em Sobradinho para que a comunidade não precise mais utilizar
lixões”, disse a chefe de gabinete da administração da cidade, Fabiana
Ferreira. Ela ressaltou a luta de mais de duas décadas dos moradores da área
rural de Sobradinho para que fosse dado um fim ao lixão.
Já estão sendo colocadas manilhas para cercamento, e depois será
plantado o bosque de ipês, dando vida nova ao local
No momento, estão sendo utilizadas duas
carregadeiras, uma retroescavadeira, dez caminhões e, de mão de obra, seis
reeducandos da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), órgão
subordinado à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). A expectativa do
responsável pelo Polo Norte do GDF Presente, Ronaldo Alves, é que nesta
quarta-feira (26) sejam concluídas a limpeza e a cerca.
O líder comunitário do Núcleo Rural de Sobradinho
II, Dário Coelho Viana, contou que o depósito irregular de lixo era um campo de
futebol. “De uma hora para outra, vimos um campo de futebol ser transformado em
um lixão sem que ninguém fizesse nada. Somos muito gratos ao Governo do
Distrito Federal pela recuperação da área”, afirmou.
O professor Raimundo Ribeiro, morador de
Sobradinho, comemorou o fim do lixão. Depois de se aposentar, ele tem se
dedicado às causas ambientais. “Nós já denunciamos à imprensa oito vezes aquele
lixão. O poder público retirava o lixo, e logo estava tudo de volta. O fim
daquele lugar significa a retirada de circulação de doenças”, comentou.
Outro morador de Sobradinho, Heron de Sena Filho, destacou que o fim do lixão é fundamental para a saúde das pessoas e das águas, uma vez que as nascentes existentes no local levam volume para os rios Maranhão, que desemboca no Rio Tocantins, e São Bartolomeu, afluente do Paraná. “Se nós pagamos a taxa de lixo, que sentido faz jogar os rejeitos em um lixão? Também falta às pessoas educação ambiental”, frisou.
Fonte: CATARINA LIMA, da Agência Brasília, Edição: DÉBORA CRONEMBERGER,
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