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O Grupo Azulim, originário de Sobradinho II ,hoje, no Arte na Praça

Azulim mostra cultura negra universal e força da periferia do Distrito Federal no Arte na Praça

Um dos grupos mais representativos do amálgama cultural do Distrito Federal será a atração artística principal do nono evento da Fase V do Projeto ARTE NA PRAÇA, que está em andamento, aos sábados, na Praça das Artes Teodoro Freire de Sobradinho. 


O Grupo Azulim, originário de Sobradinho II, capitaneado pelo Pastor Darley César (foto), vai homenagear os ícones mundiais da cultura negra, através do canto e da dança.

 

Neste 8 de abril, Sábado de Aleluia, a população de Sobradinho, Sobradinho II e imediações, depois de passar uma Semana Santa contrita, terá bons motivos para se confraternizar na Praça, onde um grande público tem comparecido, nos últimos dois meses, para participar de atividades culturais/lúdicas e prestigiar os artistas locais.

 

A festa começa com o aulão de dança da professora Karol Thayná, vencedora do concurso Mercado Persa 2018, em São Paulo, e diretora do Espaça Cultural KT. Além de ministrar sua aula ao público, com muita mestria, Karol apresenta profissionais da dança, que dão um espetáculo à parte.

 

A partir das 17h, as barracas da Praça de Alimentação já estão servindo água, refrigerantes, churros, sanduíches, caldos, churrasquinho, peixe, comidas diversas e chopp artesanal, a preços convidativos. Outra opção é visitar a Feira de Artesanato, com produtos manuais e utensílios domésticos.

 

Às 18h, o DJ Hool Ramos aciona as pickups do seu Clube do Vinil, numa interessante oficina que transmite conhecimentos de estilos musicais; operação de equipamentos; técnicas de mixagem (básica e avançada); e orientações para se iniciar no mercado de trabalho. Todas as oficinas são gratuitas. A partir das 19h30, começam as atrações musicais.

 

GRUPO AZULIM

 

O Grupo Azulim é originário do início dos anos 90, quando as gangs de jovens – de áreas nobres e de periferias – cometiam crimes inexplicáveis e eivados de violência gratuita, como o assassinato do estudante Marco Antônio Velasco, de apenas 16 anos, espancado até a morte, em 10 de agosto de 1993, por uma gangue de jovens lutadores de artes marciais, da 316 Norte, denominada Falange Satânica.

 

Já o índio pataxó baiano, Jesus Galdino Jesus dos Santos, foi incendiado enquanto dormia numa parada de ônibus da W3 Sul, na madrugada de 20 de abril de 1997; por uma gangue de play boys, que queriam apenas se divertir.

 

Dezenas de jovens negros de Sobradinho II iam pelo mesmo caminho: consumiam drogas, barbarizavam os ambientes que frequentavam e faziam da dança de rua uma vitrine para a sua popularidade.

 

“Éramos um grupo 50 dançarinos de rua (street dance), break, etc.  De vez em quando, a gente saía na porrada nas boates e íamos parar na delegacia. Fomos consideradas a segunda gang mais perigosa do DF”, aponta o pastor Darley César, um de seus membros e, hoje, terapeuta comportamental e líder do Grupo Cultural Azulim.

 

Os crimes ganharam repercussão nacional e chocaram o País. A população reagiu e cobrou soluções das autoridades, que reprimiram as ações das gangues. Em Sobradinho II, a repressão ficou por conta do delegado Márcio Michel, que pegou pesado em cima dos delinquentes e acabou eleito deputado distrital e, hoje, é conselheiro do TCDF.

 

As autoridades policiais cadastraram inúmeras gangues em atividade nas cidades do DF, incluindo os jovens de Sobradinho II, que passaram a ser conhecidos como Azulins, por serem negros.

 

Os sete membros mais atuantes da gangue eram presença constantes em bares, festas, casas noturnas e ruas de lazer, onde espalhavam a “cultura” hip-hop e dançavam break.

 

A Gang dos Azulins ganhou fama e era temida na região. As autoridades, vendo que a situação se agravava, resolveram fazer do limão uma limonada. O então comandante do 13º BPM de Sobradinho, consciente da popularidade do grupo, decidiu convidá-lo para desenvolver atividades voltadas à comunidade, começando a romper a áurea marginal do grupo.

 

No ano seguinte, 1994, a Associação de Moradores do Bem Estar Social – Abes – passou a apoiar o grupo, que ganhou novos adeptos. O Azulim, então, passou a utilizar a cultura hip-hop, como ferramenta de um processo de mudança, que usava a música, a dança e o grafite como instrumentos de transformação social.

 

Deste processo, nasceram os grupos musicais Liberdade Condicional e Retrato Falado, que chegaram a lançar discos. O grupo arrecadou dinheiro na venda de CDs e shows e, com o apoio da comunidade, ajudou a construir o Destacamento do 13º Batalhão de Policia Militar-DF em Sobradinho-II, na Área Especial da AR 13.

 

Era o início de uma nova jornada para os Azulim, que se transformaram em ONG e passaram a combater as drogas, a violência e a promover atividades esportivas e campanhas contra a fome.

 

Em 2007, a ONG Grupo Cultural Azulim lançou Projeto Jovem de Expressão, com o objetivo de conter a exposição dos jovens à violência, que recebeu apoio do Ministério da Cultura e publicou do livro A Gangue Que Virou ONG.

 

O ex-deliquente e atual pastor e terapeuta Darley César, que dirige também o Centro de Reintegração Mar Vermelho, que fica no Núcleo Rural Sobradinho II, afirma que o local é uma filial do Azulim e atua firmemente no tratamento de transtorno de pessoas por uso de drogas e contribui, através da cultura e da arte, para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas.

 

 

Fonte: José Edmar Gomes/ Jornalista - Artise

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