Campanha Julho Amarelo conscientiza sobre prevenção, vacinação e testagem precoce em alusão ao Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais
Rede pública do DF oferece tratamentos pioneiros contra hepatite
Campanha Julho Amarelo
conscientiza sobre prevenção, vacinação e testagem precoce em alusão ao Dia
Mundial de Luta contra as Hepatites Virais
“Foi uma segunda
chance.” É assim que o servidor da Secretaria de Transporte e Mobilidade
(Semob) Glicério Fernandes, 56 anos, relata o tratamento bem-sucedido que o
levou à cura da hepatite C, no Centro Especializado em Doenças Infecciosas
(Cedin), na Asa Sul. Recuperado, ele incentiva todos a se informar e a buscar
postos de testagem em caso de sintomas ou situação de risco. O Dia Mundial de
Luta contra as Hepatites Virais é celebrado nesta sexta-feira (28).
Aproveitando a data, a campanha Julho Amarelo foca na prevenção à doença.
Glicério descobriu a
doença que atinge o fígado em 2010 por meio de um exame de rotina após sintomas
de cansaço, que ele atribuía à forte carga de trabalho e ao estresse. “Achei
que não era possível porque não sentia nada além de muito cansaço”, conta.
Glicério
Fernandes descobriu a doença em 2010 por meio de um exame de rotina após
sintomas de cansaço
A terapia foi iniciada
na rede da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) em 2016, com o
surgimento da nova droga de ação direta (DAA) em forma de comprimidos. A partir
do diagnóstico, o servidor iniciou uma série de pesquisas sobre o tema. “Na
época, fiquei impressionado porque os tratamentos eram difíceis, os índices de
cura pequenos e os efeitos colaterais, fortes. Mas com a nova medicação foi
tranquilo, com poucos efeitos colaterais e respostas rápidas e positivas”,
compartilha.
A cura tão esperada
chegou antes mesmo do fim do tratamento. “Antes dos 90 dias já estava
negativado. Procurei tratamento na rede pública porque o plano de saúde não
cobria”, completa, salientando a importância do serviço prestado pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). O remédio é distribuído gratuitamente.
Os medicamentos têm
mudado a vida de portadores de hepatite C e, quando usados adequadamente,
promovem taxas de cura superiores a 95%. A terapia dura três meses, com apenas
um comprimido ao dia.
Arte:
Secretaria de Saúde
“É uma vida nova. Foi
uma segunda chance, uma sensação muito boa. O atendimento recebido foi
excelente. A médica que me atendeu é muito diferenciada, me tranquilizou e
transmitiu segurança, além de me acompanhar em todo o processo e me orientar
muito bem”, elogia Glicério.
Quem cuidou do
paciente foi a infectologista da SES-DF Sonia Maria Geraldes. Ela ressalta a
importância do Julho Amarelo para estimular a testagem da população. “A pessoa
pode não sentir nada, mas fez tatuagem, sexo sem proteção, teve contato com
sangue, por exemplo, foi ao dentista e os instrumentos podem não ter sido
devidamente esterilizados. Essas situações a torna uma candidata a fazer a
testagem. Não pode esperar ter sintomas”, alerta Sonia Maria.
Tipos de tratamento
A médica
Sonia Maria Geraldes ressalta a importância da campanha Julho Amarelo no
trabalho de prevenção
Nem todos os tipos de
hepatite têm cura como a hepatite B, mas há vacinas para proteção e, em alguns
casos, tratamentos para reduzir o risco de avanço da doença e de complicações.
A infectologista destaca que uma das facilidades em relação ao tratamento da
hepatite B, por exemplo, é que depois do atendimento, a medicação pode ser
adquirida no mesmo local da consulta.
“A SES-DF faz tanto o
diagnóstico, quanto campanhas preventivas e fornece o tratamento. Se vem um
paciente com hepatite B, em centros de referência como esse, vai pegar a
medicação aqui também. Não precisa mais retirar em farmácia de alto custo”,
afirma Geraldes.
A especialista
ressalta, ainda, que a principal forma de prevenir a infecção pelo vírus da
hepatite B é a vacina, que está disponível nas salas de vacinação nas Unidades
Básicas de Saúde (UBSs). Para as crianças, a recomendação é aplicar quatro
doses do imunizante, sendo: ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses de idade (vacina pentavalente).
Já para a população adulta, o esquema completo ocorre com três doses. Para quem
tem mais de 20 anos e não sabe se está imunizado, é preciso procurar uma UBS
para fazer o teste de hepatites.
A médica também
acompanha José Antônio Conti, 64 anos, aposentado e morador de Sobradinho,
portador do vírus da hepatite B com cirrose hepática. Ele relata que o
diagnóstico veio em 2003, com sintomas de cansaço e olho amarelado. Desde
então, faz tratamento no Cedin com a medicação tenofovir alafenamida (TAF), disponibilizada
pelo Ministério da Saúde. Os medicamentos colaboram para o controle da carga
viral, impedindo a multiplicação.
José Antônio
Conti é portador do vírus da hepatite B com cirrose hepática e faz
acompanhamento no Cedin
“Provavelmente eu já
tinha hepatite há muitos anos e não sabia. Agora vou ao infectologista a cada
seis meses para fazer o controle da carga viral. O exame de sangue é feito na
própria unidade e retiro o medicamento lá mesmo”, conta.
Com o tratamento, José
afirma que ganhou qualidade de vida: “Desde o começo consegui atendimento pelo
SUS e fui bem orientado. Sigo com a vida normal. Tomo apenas um comprimido por
dia. Tenho um estilo de vida mais saudável. Faço musculação, pratico
caminhada.”
Casos diminuem no DF
Arte:
Secretaria de Saúde/ Divulgação
Entre 2018 e 2022, os
casos de hepatite B caíram 41,86% no DF. Foram registrados 129 em 2018 e 75 em
2022. Já os índices de hepatite C passaram de 169 para 130 no mesmo período,
com redução de 23,08%. Os dados constam no último Boletim Epidemiológico da
Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS) e do Ministério da Saúde, notificados
no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Sintomas
As hepatites virais
nem sempre apresentam sintomas e, quando não diagnosticadas, podem acarretar em
complicações levando à cirrose ou ao câncer de fígado. Quando presentes os
sintomas, contudo, a pessoa pode manifestar cansaço, febre, mal-estar, tontura,
enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes
claras.
“É preciso
conscientizar a população para que façam uso das diversas formas de prevenção,
usem preservativos, vacinem-se contra hepatite B e busquem o diagnóstico por
meio do teste rápido para início oportuno do tratamento. É um dos nossos
grandes desafios”, alerta a gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente
Transmissíveis da Secretaria de Saúde, Beatriz Maciel.
A hepatite A é
transmitida de pessoa para pessoa quando os alimentos ou a água estão
contaminados por fezes contendo o vírus. Portanto, cuidados com a higiene são
fundamentais para evitar a contaminação. O tratamento é essencialmente com
repouso e há vacina para determinados grupos, também disponível no calendário de rotina de vacinação do DF.
Já o contágio das
hepatites virais B, C e D ocorre por contato com sangue e hemoderivados,
podendo também ser passadas por contato sexual e da mãe infectada para o
recém-nascido. A transmissão pode ocorrer ainda pelo compartilhamento de
objetos contaminados, como lâminas de barbear e alicates. A vacina contra a
hepatite B também ajuda a proteger da hepatite D. Menos frequente no Brasil, a
hepatite E ocorre por consumo de água contaminada.
Onde buscar tratamento
Referências no tratamento contra
hepatites no DF: Centro Especializado
em Doenças Infecciosas (Cedin) e Policlínicas de Taguatinga, do Gama, de
Ceilândia, do Paranoá e de Planaltina.
Hospitais com ambulatório de
hepatologia: Hospital de Base do
Distrito Federal (HBDF); Hospital Regional de Ceilândia (HRC); Hospital
Regional do Gama (HRG); Hospital Regional da Asa Norte (Hran); Hospital
Regional de Taguatinga (HRT); Guará- Policlínica Guará I e Policlínica de
Atenção Secundária do Paranoá.
Acesse os locais de
vacinação no DF no site da SES-DF: Pontos
de Vacinação – Secretaria de Saúde do Distrito Federal
* Fonte: Agência Brasília, Edição: Vinicius
Nader, com informações da Secretaria de Saúde, Fotos: Sandro Araújo/ Agência
Saúde , Ingrid Soares/ Agência Saúde
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