Desenrola Brasil
Número de beneficiados mostra importância social do programa e pode ajudar economia a crescer, avaliam especialistas
Iniciativa do governo para renegociação de dívidas espera atingir 70 milhões de negativados; saiba como não voltar ao vermelho após pagar suas contas
Cartão de crédito e o parcelamento são as principais causas da
inadimplência
Começa nesta
segunda-feira (17) o programa “Desenrola Brasil”, que vai permitir a
renegociação de dívidas de brasileiros e pretende beneficiar até 70 milhões de
pessoas inadimplentes. O programa será divido em três fases, tendo a sua
terceira prevista para começar em setembro.
O programa
tem como um dos objetivos conter o crescimento de pessoas endividadas no país,
que se alastrou durante a pandemia da Covid-19. “A pandemia impossibilitou
diversos profissionais de atuar e aumentou a onda de demissões, deixando muitas
famílias sem receita”, afirma o especialista em finanças Gilvan Bueno, sócio e
gerente educacional da Órama Investimentos.
Outro fator
que contribui para o aumento da inadimplência foi a guerra na Ucrânia, que
dificultou o comércio e fez o preço dos alimentos bater recorde em 2022. “O
brasileiro precisou escolher entre sua alimentação, sua necessidade básica e
abdicar de ter seu nome limpo”, explica Bueno.
Para ele, o
programa é fundamental para o crescimento do país, pois pode trazer de volta as
famílias para a atividade econômica. “O consumo das famílias atualmente está
muito aquém do esperado, o que atrapalha e dificulta o desempenho do PIB
(Produto Interno Bruto) do país.”
Para a
especialista em comportamento financeiro, Ana Leoni, o “Desenrola” vai ajudar
muitas pessoas que se endividaram por compras corriqueiras, como supermercado.
“Uma parcela da população se endivida pelo básico, para sobreviver e, muitas
vezes, isso gera desemprego e instabilidade de renda.”
Juros
altos x endividamento
Em 13,75% ao
ano, a taxa básica de juros no Brasil é uma das principais vilãs do
endividamento das famílias no país, pois encarece o crédito e dificulta a vida
de quem precisa de financiamentos.
Para o sócio
da Órama, fica o alerta na hora de voltar a consumir: “o maior desafio aqui é
fugir do crédito caro e tentar encontrar mecanismos de crédito mais barato,
seja em financiamento imobiliário, financiamento de automóveis, crédito
imobiliário ou crédito para fazer aquisições em setores e serviços”.
Para ele,
com juros em patamares históricos, o brasileiro vai precisar “separar aquilo
que quer daquilo que precisa” na hora de fazer uma compra.
Como não
entrar no vermelho
Ana Leoni
destaca que o cartão de crédito e o parcelamento são as principais causas da
inadimplência. “No país, existem mais cartões de crédito do que brasileiros,
porque as pessoas sempre têm a desculpa de possuir diversos cartões por terem
diferentes datas de fechamento, mas o melhor dia é o dia que você consegue
pagar”, alerta.
Outro vilão
do endividamento é o empréstimo. “É uma falsa esperança de resolver um problema
e que pode virar uma bola de neve, assim como o financiamento”.
Entre as
dicas para não ficar no vermelho é o equilíbrio na hora de comprar. “Se você
tem uma fonte de renda, tenha apenas uma fonte de gasto. Muitas pessoas
negligenciam pequenos gastos. A dívida, em si, não é o problema, mas, sim, o
endividamento, que é quando a pessoa perde a capacidade de honrar com a
dívida”, explica.
Ainda
segundo a especialista em comportamento financeiro, os aspectos emocionais
também são muito importantes para evitar que a pessoa caia no endividamento.
Segundo ela,
o brasileiro, no geral, não gosta de dever e quer logo resolver o problema.
Muitas vezes, porém, não sabe por onde começar. “Não pense no problema como um
todo, resolva em partes, fatura por fatura”, aconselha Ana.
Entenda o
Desenrola Brasil
O programa
será dividido em três partes. Na primeira delas, que se inicia nesta
segunda-feira (17), o objetivo é extinguir as dívidas bancárias de até R$ 100
de pessoas físicas que terão seu nome limpo automaticamente. Nessa fase,
pretende-se alcançar cerca de 30 milhões de brasileiros.
Na próxima
fase, nomeada de “Faixa 2”, serão atendidas as pessoas físicas com renda de até
R$ 20 mil e dívidas em banco sem limite de valor. Nela, os brasileiros poderão
negociar suas dívidas bancárias que poderão ser pagas em até 12 vezes.
Para isso, o
cliente deverá entrar em contato com seu banco, que irá oferecer possibilidades
de renegociação. Serão contempladas apenas as dívidas inscritas até 31 de
dezembro de 2022.
A partir de
setembro o programa deve ganhar mais força com o lançamento do aplicativo
“Desenrola Brasil”. Nessa fase, nomeada de “Faixa 1”, serão contempladas as
pessoas inadimplentes que possuam renda mensal de até dois salários-mínimos, ou
que estejam inscritas no programa CadÚnico – Cadastro Único para Programas Sociais
do Governo Federal – E poderão negociar dívidas de até R$ 5 mil reais.
Fonte:
Manoela Carluccida CNN , com informações de Ana Beatriz Dias e supervisão de
Jorge Fernando Rodrigues CNN
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