Brasilienses fazem fila para doações a vítimas das enchentes no RS
Brasilienses fazem fila para doações a vítimas das enchentes no RS
Base Aérea de Brasília recebe donativos entre 8h e 18h
Moradores e
empresas do Distrito Federal atenderam ao chamado da campanha Todos Unidos pela
Sul, criada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para coleta de donativos para
vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul.
Desde o fim
de semana, as doações não param de chegar à Base Aérea de Brasília e já lotam
três hangares da área militar. Veículos de diferentes portes — de motocicletas,
carros de passeio com reboque, até caminhões do tipo caçamba — formam uma longa
fila desde a entrada da Base Aérea de Brasília até o galpão onde descarregam as
doações.
Brasilienses mostram solidariedade para com atingidos pelas
chuvas.
Nesta
quarta-feira (8), o personal trainer Diogo Leite de Morais esperou 45 minutos
para ter sua vez de retirar itens para os pets resgatados das águas, como sacos
de 50 kg de ração para cachorros e remédios veterinários. “Não podemos deixá-los para trás”. Apesar de
se dizer bastante preocupado, Diogo admite estar feliz por contribuir.
“Estou feliz
por poder fazer algo e não só ficar reclamando ou sentindo pena dentro de casa,
sem fazer alguma coisa. Então, mesmo pegando um trânsito, valeu a pena demais.”
Graça Rosa doou mantimentos na Base aérea de Brasília para os
atingidos das chuvas no estado Rio Grande do Sul.
Outra
voluntária que chegou com o porta-malas cheio de mantimentos e brinquedos
arrecadados junto aos familiares foi a dona Graça Rosa. Ela se considera
empática, ao se colocar no lugar de quem tem passado pela experiência de ver a
cidade onde mora embaixo d’água. “Eu me sinto bem e leve e, ao mesmo tempo,
muito dolorida, muito sofrida com essa situação toda, porque não é fácil para
ninguém. Eu não sei se eu resistiria àquela situação.”
Água
mineral, produtos de limpeza, materiais de higiene pessoal, colchões e
colchonetes, cestas básicas, ração para cães e gatos, roupas de cama e
travesseiros em bom estado de conservação, roupas e brinquedos. Cada um
contribui com o que puder e quiser.
A gestante
Luciana Torres abriu um espaço na agenda de empreendedora para ajudar os
gaúchos. Parou o carro e, em menos de um minuto, os militares descarregaram
suas contribuições. “Eu acho que, na verdade, a gente tem sempre que estar
ajudando o próximo. Agora, acho que essa mobilização é essencial para que o
estado consiga se recuperar o quanto antes.”
Muitas das
doações que estão chegando à Base Aérea de Brasília são fruto de campanhas de
arrecadação organizadas por redes sociais e aplicativos de mensagens de
celular. Uma fundação sem fins lucrativos do Distrito Federal conseguiu, em
quatro dias, arrecadar dinheiro suficiente para comprar 1.400 cobertores, 5 mil
rolos de papel higiênico e 9 mil litros de água mineral.
Rafael Badra levou itens de higiene pessoal para os atingidos pelas
chuvas no Rio Grande do Sul
A entrega
aos militares foi organizada pelo diretor administrativo da instituição, Rafael
Badra. “De imediato, as pessoas começaram a fazer doações. Pedimos em dinheiro,
e tudo foi transformado em material para ser transportado. Acho que é
fundamental esse tipo de ajuda, em um momento tão crucial, que mais parece uma
guerra. Então, não poderíamos ficar sem participar desse movimento.”
A corrente
de solidariedade abarcou os pacientes da ginecologista Evelyn Carvalho. “Postei
uma campanha no stories do meu Instagram. Em 24 horas, arrecadei R$ 3.880. Meus
amigos me ajudaram a comprar água potável em um [mercado] atacadão.” Em 24
horas, é a segunda vez que a médica volta ao local de coleta de donativos. Na
primeira ida, usou o carro próprio. Agora, além dele, precisou de uma
caminhonete emprestada para conseguir transportar o carregamento. Evelyn se
admirou com a velocidade da resposta à convocação, mesmo de quem não tem
relação direta com o estado afetado pelas fortes chuvas. “Não tenho parentes no
Sul, apenas uma amiga. Mas, me dá uma alegria ver que muita gente contribuiu de
forma tão rápida.”
Entrega e
distribuição
Após percorrer todo o trajeto, os carros, enfileirados, são recepcionados por dezenas de militares da FAB, responsáveis por retirar as doações dos veículos e fazer a fila andar com agilidade. Em seguida, eles se perfilam para levar, de braço em braço, os itens que já são triados e ficam agrupados por setores. Em 1h30, a reportagem da Agência Brasil pode conferir o crescimento dos fardos de água potável e das pilhas de roupas novas e usadas, alimentos não perecíveis, ração para animais, entre outros, em um dos três hangares da FAB destinados às doações.
Da Base
Aérea de Brasília, na segunda-feira (6) já partiram 18 toneladas de mantimentos
doados pela população, por meio da campanha Todos Unidos pelo Sul. O destino da
aeronave KC-30 da FAB foi a Base Aérea de Canoas, na região metropolitana de
Porto Alegre (RS).
As milhares
de doações recebidas depois de segunda-feira, em Brasília, lotam três hangares
da base militar de Brasília. A previsão é que todo o material seja transportado
nesta quinta-feira (9) novamente a Canoas.
População colabora também com água potável.
O piloto
militar da FAB, Breno Souza, explica que o envio de novos carregamentos de
doações depende da liberação de espaço no destino final. “O pessoal do comando
conjunto ativado do Rio Grande do Sul nos passa as necessidades e nós
conseguimos mandar o material para lá. Nos limitamos ao pessoal deste comando
ter condições de receber e escoar este material. A partir da demanda vinda, com
a ativação e envio de aeronaves para Brasília, nós faremos o carregamento e
essas aeronaves desembarcarão em Canoas.”
Como doar
A população
pode doar ao Rio Grande do Sul, inicialmente colchonetes, água potável,
material de limpeza, gêneros alimentícios não-perecíveis, ração, roupas e
calçados. Para facilitar a triagem pelos militares, os voluntários que fazem
campanhas de arrecadação orientam que as pessoas interessadas em colaborar
entreguem:
· cestas básicas já fechadas ou que os
alimentos sejam reunidos em sacos transparentes para facilitar o transporte e
para que a equipe de triagem não tenha que montar as cestas para doação às
famílias necessitadas;
· evitar sacolas de papel, pois rasgam
facilmente;
· itens devem estar em sacos plásticos
resistentes e preferencialmente, transparentes;
· as roupas doadas devem estar limpas e
em bom estado para serem aproveitadas pelos atingidos pelas chuvas;
· os pares de sapatos doados devem ter
os cadarços amarrados ou devem estar unidos por uma fita adesiva para que não
se percam;
· roupas devem estar em sacos com público identificado. Por exemplo: roupas infantis, femininas, homem adulto, etc.
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Locais de recebimento de donativos:
Base Aérea
de Brasília
Endereço: Área Militar do Aeroporto Internacional de Brasília
Itens
recebidos: colchonetes, água potável, gêneros alimentícios não-perecíveis,
roupas, sapatos, utensílios domésticos
Horário: de
8h às 18h, diariamente.
Neste
momento, não há data final para recebimento das contribuições.
Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil -
Brasília , Edição: Maria Claudia, Fotos: Joédson Alves/Agência Brasil
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