Incêndios Criminosos - Papel de brigadas voluntárias e educação ambiental é destaque em reunião de emergência sobre incêndios florestais no DF
Incêndios Criminosos - Papel de brigadas voluntárias e educação ambiental é destaque em reunião de emergência sobre incêndios florestais no DF
Até o dia 17 de setembro, o Corpo de Bombeiros
registrou 1.678 incêndios em vegetação
Reunião de Emergência debateu situação dos incêndios no DF na CLDF
A escalada de incêndios florestais que modificou
temperaturas e a qualidade do ar no Distrito Federal foi tema de uma reunião de
emergência realizada na noite desta terça-feira (17) pela Frente Parlamentar de
Prevenção aos Extremos Climáticos da Câmara Legislativa (CLDF).
No encontro, presidido pelo deputado distrital
Fábio Félix (Psol), moradores, ativistas socioambientais, pesquisadores,
cientistas e brigadistas voluntários apontaram propostas de combate e prevenção
aos incêndios florestais. “Criamos essa Frente com uma preocupação que é
urgente, essa vivência mais objetiva que estamos vivendo agora amplia a
reflexão do que devemos fazer sobre esse tema”, apontou o parlamentar.
De acordo com o Corpo de Bombeiros do Distrito
Federal, só nas duas primeiras semanas de setembro foram registrados 1.678
incêndios em vegetação, que queimaram cerca de 7.193,29 hectares. O registro já
é maior que o número de ocorrências em todo o mês de setembro de 2023, quando
foram notificados 1.383 incêndios. De janeiro a agosto deste ano, foram
registradas 5.912 queimadas no Distrito Federal.
“Sabemos das dificuldades, mas nesse nível de
emergência não podemos falar só de índice de fogo, mas falar do que vamos fazer
com as áreas que queimaram, porque não podemos abandonar essas áreas”, alertou
a brigadista Caroline Dantas, representante do Instituto Cafuringa, que atua
na Área de Proteção Ambiental (APA) da Cafuringa, localizada na região do
Lago Oeste.
O Instituto coordena três brigadas voluntárias que
atuam no combate aos incêndios nas regiões de Sobradinho, Sobradinho 2 e
Fercal. Durante a reunião de emergência, o papel de apoio dos brigadistas
voluntários aos órgãos distritais e federais que atuam no combate aos incêndios
foi destacado. “O combate a incêndios é um evento que requer muito recursos,
humano e materiais, então se não fizermos uma força tarefa, uma comunicação
nítida, um treinamento mais coerente entre esses grupos, vai ficar muito difícil
combater esse momento”, destaca Caroline Dantas.
Brigadistas do Instituto Cafuringa em combate à incêndios na APA.
De acordo com o deputado distrital Fábio Félix, já
foram realizados diversos questionamentos ao Governo do Distrito Federal sobre
os incêndios florestais. “Faltou comando no Distrito Federal em relação aos
incêndios de causa criminosa”, avaliou.
Além das cobranças ao GDF, o parlamentar também
apontou que pretende reforçar a necessidade de mais recursos para os órgãos
federais que atuam na área. “Existe uma precarização geral da política
ambiental, que é estrutural e vem de sucessivos governos, a boiada passou, mas
precisamos de medidas concretas também do governo federal”, destacou.
Educação Ambiental
Na avaliação da brigadista Caroline Dantas, a
educação ambiental é uma das saídas de prevenção ao momento climático atual.
“Me preocupa a sociedade nos vendo como heróis, porque isso distancia da
realidade comunitária. E o que fazemos aqui, precisa ser entendido como um
trabalho de todos, porque o objetivo final é oxigênio, água e comida garantidos
para todos sem exceção”, observa.
“Quando um incêndio acontece já perdemos muito,
porque todo o trabalho de prevenção que deveria ser feito antes falhou e
estamos lidando com um colapso. Precisamos fazer um trabalho de educação
ambiental para que as pessoas entendam que elas podem ser as guardiãs dos
recursos naturais que as cercam”, alerta a brigadista.
Reunião debateu saídas de prevenção aos incêndios no DF.
Criada em 1988, a APA da Cafuringa é reconhecida
como um cinturão verde na região. No entanto, a realidade do local não foi a
única exposta na reunião de emergência na CLDF.
“Esse ano foi muito ruim, tivemos 25 agroflorestas
queimadas, o trabalho de cinco, seis anos destruídos. E a gente sabe que não é
só problema de combate, é problema de prevenção e precisamos de muito ajuda do
governo para atuar na prevenção”, observou o agricultor familiar do
Assentamento Canaã do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Rufo.
Presidente da Associação do Capão Comprido, na
região de São Sebastião, Romário dos Santos falou sobre o impacto da seca e dos
incêndios nas populações mais pobres. “"A gente precisa que essa Casa crie
uma lei mais dura para essas pessoas que fazem as queimadas no DF .São todas
ilegais porque não está caindo fogo do céu e todo o ano é a mesma coisa e só
piorando”, alertou.
“No dia a dia e em situações como essa sempre quem
sofre mais e primeiro são os mais pobres. E os mais pobres do Distrito Federal
estão nas ARIS [Áreas de Regularização de Interesse Social”, apontou o
professor da Universidade de Brasília, Perci Coelho de Sousa, que coordena
projeto Vida & Água para as Aris.
Outras demandas e reivindicações foram apontadas
durante a reunião, como a nomeação de auditores ambientais, formação de
brigadas voluntárias, criação de uma sala de situação, mais investimentos em
órgãos federais como ICMBio e Ibama.
O que não fazer
De acordo com o Corpo de Bombeiros, em casos de
incêndios florestais é recomendado que a população não se arrisque. “O correto
é denunciar os incêndios aos órgãos responsáveis, caso presencie quaisquer
situações suspeitas e acionar o Corpo de Bombeiros”, alertaram.
Canais
PCDF
- 197
PMDF
- 190
CBMDF
- 193
Fonte: Brasil de Fato/Brasília (DF), Edição: Flávia Quirino, Foto: Samara Maciel & Alexandre Bastos/Mandato Fábio Felix
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