Projeto social ensina movimentos culturais, dança e produção audiovisual para jovens na periferia
Projeto social ensina movimentos culturais, dança e produção audiovisual para jovens na periferia
O projeto “Andanças” surgiu em 2019 com a iniciativa de oferecer aulas de dança, aos sábados, para alunos do Centro de Ensino Médio 04, em Sobradinho II
Um projeto
de viés social e cultural voltado para jovens da Fercal e de Sobradinho tem
atraído jovens em situação de vulnerabilidade. A ação busca transformar
solidariedade em resultados práticos para que adolescentes e jovens em ingresso
no mercado de trabalho possam aperfeiçoar os saberes e até gerar emprego e
renda.
O projeto
“Andanças” surgiu em 2019 com a iniciativa de oferecer aulas de dança, aos
sábados, para alunos do Centro de Ensino Médio 04, em Sobradinho II.
A
idealizadora do projeto e fotógrafa, Priscila do Carmo, de 47 anos, trabalha há 10 anos com projetos sociais.
“O Andanças
surgiu como forma de guarda-chuva dos projetos que já executamos. Então eu
pensei, por que não juntar a cultura e a arte para beneficiar minha
comunidade”, diz Priscila.
Experiências
A fotógrafa
ainda destaca a importância que o coletivo tem na vida dos jovens,
principalmente, pelo fato de eles conseguirem passar por experiências que antes
não tinham.
“Quando a
gente está vivendo isso, conseguimos enxergar os impactos na vida dos jovens.
Eu vivo isso junto com eles, a cada depoimento deles dizendo que estão tendo
oportunidades que nunca tiveram”, conta Priscila.
A fundadora
também deseja que o projeto crie uma rede de empreendedores, que possa
beneficiar a comunidade local com suas habilidades.
“Mostrar
potências que tem na região, e fortalecer e oferecer oportunidades a esses
jovens, para que eles possam empreender no próprio território”, relata.
Apesar de
atuar em escolas atualmente, Priscila afirma que o projeto é pensado para
todos. A idealizadora ressalta que trabalha para que as regiões que a entidade
atende possam se desenvolver.
“Trabalho para que essas regiões possam ter mais a arte e a cultura presentes no cotidiano e na vida dessas pessoas”, diz.
Samuel
Batista (foto acima), de 21 anos, é o professor de audiovisual e colaborador do
Andanças desde 2021, e explica como surgiu a oportunidade de participar
ativamente na entidade. “A Priscila me conheceu a partir de outro projeto que
eu participava, o “Sobradinho Ativista”. Ela viu que eu postava os bastidores,
e então ela me conheceu”, relata Samuel.
Ainda em
2021, o videomaker realizou sua primeira participação em uma ação que oferecia
oficinas de audiovisual para crianças da Fercal. “O primeiro projeto que eu
participei no Andanças foi o “Mostra Fercal”, que eu dei oficinas de filmes com
o celular, e a partir disso eu entrei na entidade”, diz o professor.
O videomaker
explica que as aulas priorizam o primeiro contato com os equipamentos, por
exemplo, como segurar e manusear a câmera. Além disso, destaca que trabalham o
olhar fotográfico dos jovens. “Caminhamos pela escola e pensamos o que vamos
fotografar hoje. Uma poça d’água, por exemplo, podemos fotografar para
denunciar algo dentro da escola.”, diz Samuel.
O professor
fala sobre como deseja transformar a vida das pessoas através da ação do
Andanças e ressalta a importância que uma iniciativa como essa teve em sua
vida. “Foi através de um projeto extracurricular na escola, que descobri minha
paixão pelo audiovisual”, relata o professor.
Samuel destaca ainda a relevância que um projeto como o Andanças pode proporcionar aos jovens envolvidos. “A ideia do projeto é mapear os artistas locais da região de Sobradinho, Sobradinho II e Fercal. Nossa ideia é descobrir esses artistas e documentá-los”, ressalta.
Ana Clara do Carmo (foto acima), de 28 anos, filha de Priscila, fundadora do Andanças, compartilhou sua trajetória no projeto e as experiências que vivenciou ao longo do tempo em que passou ao lado de sua mãe, contribuindo para o desenvolvimento dos jovens atendidos pela iniciativa.
A professora
de química iniciou sua jornada no Andanças de forma mais intensa no começo de
2023, após decidir deixar seu emprego como gerente de uma tabacaria a convite
de sua mãe. “Quando minha mãe me chamou para trabalhar com ela, pensei: ‘Se ela
está pedindo, então vamos lá’. Eu larguei tudo e comecei a trabalhar no
Andanças”, contou Ana.
A jovem se
viu envolvida não só no ensino mas também nas atividades de produção e
organização, especialmente nas oficinas de arte e na parte administrativa do
projeto. “Eu ajudei a coordenar as oficinas, a parte burocrática, e ficava mais
nos bastidores, organizando tudo com minha mãe”, explicou.
Talentos
Ana também
mencionou a importância da aproximação com os jovens e o desafio de cativá-los,
especialmente em um contexto de vulnerabilidade social. “O objetivo era
despertar os talentos e ajudar os jovens a descobrirem suas habilidades, o que
é uma experiência muito gratificante”, contou.
Ao refletir
sobre sua experiência, Ana não escondeu a transformação que viveu ao lado de
sua mãe no Andanças. “Foi uma mudança muito positiva, tanto pessoal quanto
profissional. Ajudar na vida de tantos jovens, ver a evolução deles, foi algo
que me fez crescer muito”, concluiu.
Céu
Idealizado
há muito tempo, o “Espaço Céu”, localizado em Sobradinho II, foi inaugurado
recentemente e tem como objetivo oferecer arte e ações de empreendedorismo para
a comunidade.
Pensado como
um ambiente para realização de karaokês, sessões de cinema e saraus, o espaço
será uma verdadeira vitrine para a cultura local, oferecendo às pessoas novas
oportunidades de se expressarem e criarem.
A fundadora
do Andanças, Priscila, fala sobre o que o projeto significa na sua vida hoje, e
como ele ajuda a transformá-la todos os dias. “O projeto é minha vida, eu vivo
isso aqui”, afirma.
Emocionada,
ela ainda fala sobre o que a motiva todos os dias, e o que dá força para que
ela consiga continuar transformando a sua comunidade. “Não tem preço eu poder
contribuir para uma sociedade mais igualitária, uma sociedade que realmente
saiba conviver uns com os outros, que possamos deixar algo para as futuras
gerações. É o meu projeto de vida.”, destaca Priscila.
A
inauguração do espaço céu, que aconteceu no dia 18/10, trouxe um ambiente
criativo e colaborativo, com programações como “FotoCidade”, karaokê, oficina
de dança, debate e outros.
Por
Aline Miranda, Laís Tenório, Rebeca Crecci e Roberta Leite, Agência de Notícias
Ceub, Fotos: Divulgação - Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
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