Tribunal de Contas do DF aponta irregularidades no Hospital de Sobradinho
Relatório do
órgão mostra que 94% dos pacientes que apresentam risco de morte não recebe
atendimento imediato
*Edy Amaro
O Tribunal
de Contas do Distrito Federal (TCDF) apontou irregularidades no atendimento
prestado pelo Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Segundo o órgão, 94% dos
pacientes com risco de morrer não recebem atendimento imediato. Protocolos de
classificação dos usuários nas emergências e urgências do DF poderá ser
implementada.
Os auditores
do TCDF investigaram a situação do HRS com base em informações da Secretaria de
Saúde. Eles compararam o registro de entrada dos pacientes na unidade e o
primeiro atendimento médico ocorrido no local. Verificou-se que, no mês
passado, das 13.549 pessoas que procuraram o hospital, quase 10 mil (73,24%)
não tiveram o acolhimento realizado de forma correta.
A triagem só
foi feita em 26,76% dos usuários. Mesmo entre aqueles que passam pela
classificação, o tempo de resposta do atendimento foi lento: dos pacientes
graves que receberam a cor vermelha do Protocolo Manchester, isto é, que
corriam risco iminente de morrer, apenas 6,2% tiveram assistência imediata em
abril de 2016.
O presidente
do TCDF, Renato Rainha, o conselheiro Márcio Michel e uma equipe de auditores
visitaram ao Hospital Regional de Sobradinho nesta terça-feira (17/5), para
verificar o desempenho no atendimento dos pacientes.
Durante a
visita, os profissionais de saúde admitiram que a classificação não é feita das
0h às 7h, nem em determinadas especialidades, como ortopedia e cirurgia.
"A deficiência na classificação de risco é muito grave. Quando a triagem
falha, coloca em risco a vida dos pacientes", disse Rainha.
"Detectamos também outros problemas, como o número muito pequeno de
médicos e enfermeiros, instalações fÃsicas deficientes ou inadequadas e bens do
hospital sem o devido tombamento, o que dificulta o controle sobre eles",
completou.
Segundo o
TCDF, a falta de tombamento é a justificativa para que diversos equipamentos
novos, como macas e cadeiras ortopédicas, estejam amontoados em um depósito, de
forma inadequada, enquanto aguardam para serem colocados em uso. A fiscalização
também encontrou sucatas de móveis e equipamentos, que já não são mais
utilizados pelo hospital, jogadas a céu aberto. "É um material
inutilizado, mas que não deveria estar jogado assim, pois isso faz proliferar
baratas, ratos e outros animais que podem afetar a saúde dos pacientes. Também
é necessário tomar providências para agilizar o tombamento dos equipamentos
novos, para que esse material seja utilizado o mais rápido possÃvel",
afirma o Conselheiro Márcio Michel.
O Hospital
Regional de Sobradinho teve o pior desempenho no primeiro quadrimestre deste
ano, no que diz respeito ao tempo de resposta no atendimento dos pacientes com
quadro clÃnico grave. Esses pacientes deveriam ser priorizados, de acordo com o
Protocolo Manchester. Esse protocolo assegura que os doentes sejam observados
por ordem de necessidade clÃnica e não simplesmente por ordem de chegada.
Pela
metodologia estabelecida, cada paciente que procura o hospital deve receber uma
das seguintes cores: vermelha (atendimento imediato), laranja (até 10 min),
amarela (até 1h), verde (até 2h) e azul (até 4h). Essas cores classificam os
doentes por ordem de gravidade, desde aqueles que têm risco de morrer até
aqueles que não têm necessidade de atendimento hospitalar. O não cumprimento do
Protocolo Manchester impede que os pacientes recebam os cuidados necessários no
tempo adequado.
O TCDF
também está verificando o cumprimento da escala de plantão dos médicos e se os
usuários estão sendo recebidos por profissionais habilitados, com treinamento
especÃfico, que devem escutar as queixas do paciente, os medos e as
expectativas, analisar a situação de saúde do indivÃduo e identificar o grau de
risco e a vulnerabilidade caso a caso.
* Edy Amaro/Esp. CB/D.A Press- com
informações do TCDF
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